DEUS OU A CIÊNCIA?

Desde as primeiras inovações tecnológicas promovidas pelo ser humano para tentar dominar a natureza, até as mais recentes descobertas nos mais variados e avançados campos de pesquisa científica – genético, nuclear, robótico – a ciência povoou o imaginário do homem, que fez dela fonte de evolução e superioridade - tecnicamente falando - sobre os demais animais terrestres. Tendo em vista que a raiz etimológica ocidental, bem como os seus primeiros cientistas surgiram na Grécia, provavelmente a palavra “ciência” tenha sido forjada neste que é um dos berços da civilização. Já os conceitos do fazer ciência mudaram constantemente desde então: devido a sistematização teórica por parte dos atores destas práticas, que delinearam os caminhos que a humanidade seguiria em busca do seu aperfeiçoamento técnico-científico. Assim podemos observar, ao longo dos tempos, uma super ou mínima valorização da ciência por parte do homem, que por orientações filosóficas ou religiosas, depositaram ou não confiança absoluta nos princípios científicos de desenvolvimento: a Idade Média e a Contemporaneidade são exemplos contrapostos das relações humanas para com a ciência. Sendo o método que caracteriza todas as práticas cientificas e as legitimam perante a sociedade, este se torna, então, o traço mais significativo da importância de sua integridade. A maneira de como as teses, hipóteses, teorias e leis se solidificarão no meio cientifico está diretamente relacionado ao viés empírico que permeia todo o processo dedutivo/construtivo de uma nova descoberta, constatação ou organização espistemológica: o que faz com que o princípio da refutabilidade seja exercido por todos os envolvidos interessados no produzir tecnocientífico, daí a importância da empiricidade, que permitirá a participação de toda a comunidade científica, atuando na ascensão ou na abolição de uma proposta. Vivemos numa época de extremo cientificismo, até certo ponto exacerbado, onde tudo que supostamente tem vínculo direto com as descobertas científicas, possui um rótulo moral de verdade, situado acima das opiniões displicentes do senso comum, de modo que a ciência se posta intensamente dentro das mais diversas correntes culturais do mundo moderno e tão globalizado, tentando substituir culturalmente a maior figura divina, influenciando diretamente na vida das pessoas e contribuindo decisiva e tragicamente no destino do planeta – entenda este como sendo a Terra e seus incontáveis biocomponentes. As contribuições da ciência na melhoria de vida humana, bem como na prevenção e no tratamento de doenças ou no aumento de sua expectativa de vida são inquestionáveis, como Kerlinger frisou: "a ciência não tem nenhuma responsabilidade sobre as decisões humanas", no entanto a mesma se habituou a conceder diversos poderes aos homens, que ainda não provocou o despertar de uma ousadia por parte de filósofos ou críticos sociais a respeito de onde e no que todas essas práticas vão desembocar.

"A ciência serve para nos dar uma idéia de quão extensa é a nossa ignorância." (Félicité Robert de Lamennais)

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Vagner Silva
Enviado por Vagner Silva em 24/08/2009
Reeditado em 24/08/2009
Código do texto: T1771419
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