A Morte
Ela é a mais indesejada das visitas Ninguém a acolhe com um sorriso mesmo que tenha muita paz no coração. A morte não é convidada e se faz presente na vida, vida que acaba ingloriamente no nada como se nada fosse. Ela é cruel porque deixa filhos órfãos carentes de amor de pai e de mãe e mães desesperadas quando perdem seus filhos.
Ela não tem a magia da vida que nos faz despertar noite e dia, atentos a este mundo no qual estamos inseridos. É sombria e misteriosa principalmente para aqueles que buscam a essência da vida. Aos olhos da ciência se faz soberana e é desafiadora. Muitos cientistas a veem como metamorfose da matéria, só. Não lhe atribuem espírito. O estudo do cérebro é o seu carro-chefe. Para eles, a morte se opõe à vida como o dia à noite. A morte é a matéria em transformação.
Para o ateu que não crê na existência divina, ela aparece como princípio básico científico: "nada se cria , tudo se transforma." portanto, nascemos, vivemos (?) crescemos e morremos, seguindo o ciclo natural da vida.
Os espiritualistas acreditam em outras existências e para eles a morte é a passagem para uma outra vida. Simples. Principalmente aos olhos daqueles que acreditam em reencarnação, carma, dívidas de outras vidas.
A morte é tão cruel que paradoxalmente, às vezes, podemos passar a desejá-la para aliviar males que nos afligem, principalmente quando se morre ou se vive impiedosamente através de aparelhos sofisticados , expondo-nos à piedade alheia.
O ser humano está sempre a desejar mais, mesmo que esteja no fim da estrada. Sempre existirão pequenos projetos que ele sente necessidade de realizar. Faz parte de sua natureza, se estiver sadio de mente. Quando o homem não sonha, na verdade ele está morto em vida.
Meu Deus, quantos projetos não se completam porque a morte não compreende a vida, não lhe conhece o caminho da grandiosidade, não a entende como diamante que precisa ser lapidado.
Vida e morte caminham juntas. Este binômio traz inquietação ao homem que tenta desvendar esse mistério.
Diante da angústia de nosso viver, precisamos deixar em nossa existência obras que não se percam no caminho, para poder sentir que ao partirmos estaremos sorrindo para aqueles que, por ventura, chorarem por nós.