Estou meio absolutamente hoje

Ontem - domingo que acaba de acabar - o sol não apareceu. A manhã passou nublada, depois veio a chuvarada. E o frio. Bom pra quem está encucado ficar triste. Mas não foi o meu caso. Andei relendo textos que escrevi sobre minha infância e dei boas risadas. Lembrei dos alunos, meus primeiros leitores, na época ainda crianças, hoje espalhados pelo mundo em grandes andanças. A primeira das minhas crônicas que eles leram foi numa prova semelhante ao nosso antigo “exame de admissão”. Lá no Lycée Pasteur, onde o currículo do primário é o francês, o MEC exige uma prova de Português para se entrar na quinta série. E como nos aproximávamos do centenário da morte do biólogo, incluí o texto em que eu falava da pasteurização do leite – A cabra de dona Benedita, já postada aqui no Recanto. A criançada adorou. Foi um grande incentivo pra mim. Daí em diante, passei a escrever com mais prazer.

Mas não foi por isso que comecei essa crônica. Foi por causa do dia cinza, quase sempre ligado a tristezas, que me fez lembrar também de uma aula, lá nos idos em que eu estava no ginásio. Falávamos do significado das palavras e a professora então contou-nos um caso. Ao chegar em casa, ela se deparou com a garotinha do vizinho sentadinha na escada toda pensativa. Perguntou como ela estava, ao que a menina respondeu: Estou meio absolutamente hoje.

Nunca mais esqueci dessa frase. Ela realmente exprime bem aquele estado indefinido que sentimos quando o céu não está azul e o coração da gente aperta, não sabemos exatamente porquê. Enfim, aqueles dias em que nos sentimos meio absolutamente...