QUASE NADA
Queria dizer que você é brocha, sem sal, tem verrugas pelo corpo e manias estranhas. Mas não posso. O sexo com você é amor, o prazer, um nirvana e seu corpo é aderente a minha alma.
Mas grito que você é covarde, por expurgar meu nome de sua história como se pudesse apagar cicatrizes.
Covarde de amor, tanto amor, que sente por mim e não me olha nos olhos para dizer que não sabe mentir. Ai que vontade de morrer! Para não ver mais seu desespero esdrúxulo em me tirar do seu coração.
Chove torrencialmente e minha rua alagou. A luz piscou e deve acabar a qualquer momento. Estou com frio e tremo. Mas no fundo da janela, dá para ver o arco íris. Ele tem a cor do nosso amor.
Agente já se beijou sem suspirar? E alguma vez teus olhos olharam em direção oposta aos meus? Doce amor que mantém a tradição de dramas de amores maiores. Por serem maiores, talvez. Eu vou caminhar sem você e sei que seus pés se movem sem mim. Sei também que haverá outras tantas bocas e possíveis novos dramas. E muitos sonhos à frente. Mas do teu lado aprendi a andar sobre o mar. Aprendi que o sabor de tua boca é mais doce que o mel e que nossos sonhos sonhados juntos são realidade. Aprendi que tudo que vivi antes de você foi mero ensaio de como te amar melhor. Aprendi como ser sua sem que seja meu dono.
Que dupla somos nós, melhor que queijo com goiabada. Melhor que sonhar acordada, que rabanada no natal, que viajar de barco, que ouvir cartola.
Você não tocará mais nenhuma nota no seu violão sem lembrar das vezes que tocou para mim. Nem fará mais composições de amor sem que meu nome não esteja nas entrelinhas. Não lerá mais um poema sem lembrar dos meus versos, nem andará pela areia da praia sem olhar as pegadas que não dei do teu lado.
Não existe dor maior que o fim. Mas a do fim que não termina no fim.