Quem escreve...

Quem escreve, é porque gosta, ou sente necessidade. Das mais variadas. Para extravasar sentimentos, recontar a realidade ou manifestar opinião. Ou ainda, para criar dando asas à imaginação. Com intenção, ou não, de fazer Arte.

Não sei como acontece para os outros, nem a partir de quando isso se manifesta. Só sei que desde pequena, eu, que gostava de ler, tinha vontade de escrever histórias. Imaginava que pudessem ser tão interessantes como aquelas que me impressionavam. Pegava um caderninho e tentava, mas não saía nada, claro! Só mais tarde, passados os vinte anos, é que comecei a registrar impressões no papel. Não do tipo “querido diário”, como havia feito algumas vezes na adolescência e depois desistido. Era difícil aquele caderno de capa dura ficar a salvo de leitores indiscretos. Mesmo que estivesse dentro de uma gaveta da minha escrivaninha. Um diário não era como as agendas que posteriormente viraram moda, cheias de fotos, poesias, frases de efeito e recadinhos das amigas. Era estritamente pessoal, continha confidências difíceis de fazer até pra gente mesmo. Uma espécie de terapia sem psicólogo ou confessionário sem padre. O meu, que tinha poucas coisas, foi picadinho para o lixo, lá pela altura dos meus quinze anos.

Depois passei a escrever, de vez em quando, sobre fatos ocorridos ou uma bobagem qualquer que me passasse pela cabeça. Já em forma de crônica. Eram escritos para mim mesma, não os mostrava a ninguém. Quem é que podia gostar daquilo?

Mais tarde, em contato com alunos pré-adolescentes, percebi que eles não se interessavam tanto pela maioria das leituras exigidas. Ou eram infantis demais, ou continham passagens e pensamentos que eles ainda não alcançavam compreender. Foi então que comecei a escrever minhas próprias histórias, contando como era a vida na minha infância. Quais eram nossas brincadeiras e reinações. Tive o prazer de ver, em muitos deles, o despertar para o gosto de ler.