"ALEGRIA DE PALHAÇO" Crônica de: Flávio Cavalcante
ALEGRIA DE PALHAÇO
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Respeitável público as cortinas estão preste a se abrirem. Toda a alegria do circo está inflamada pela arquibancada, que observa atentamente o picadeiro. Olhos atentos outros aplaudindo, mesmo sem tem consciência da reação.
Platéia e artista unificados. Um se doando, transmitindo informações e outro recebendo e estendendo a mão a fim de receber os nutrientes doados para saborear o momento cultural.
Chegou a hora de entrar cena os palhaços. É a atração esperada da noite. A arquibancada se inflama quando as caras pintadas aparecem. Antes de entrar muitas vezes eles engolem o choro provocado pelas agruras do destino e entram com todo fervor. Uns aplaudem outros gargalham com a alegria intensa dos palhaços. Eles fazem de tudo pra obter o riso desejado de sua platéia.
Dão cambalhotas aqui, dão cambalhotas ali, assim é a rotina dos artistas que através do riso espantam a tristeza de muitos espectadores que estão ali muitas vezes esvaindo de um problema deixado em casa.
Ninguém imagina que os bastidores de toda essa alegria, faz parte de um mundo á parte de profissionalismo intenso. Um trabalho pouco rentável, mas, prazeroso, pois dali, com muita dificuldade sustenta uma família cigana assim como ele. Dali se tira a educação de seus filhos. Quantas vezes aquele palhaço deixou de dormir tranqüilo preocupado com suas contas em atraso?
É notório que todo palhaço carrega uma profunda tristeza. Aquela maneira despojada e extrovertida de ser, não passa de uma capa até pra ele mesmo esquecer alguma ferida de difícil cicatriz.
Ossos de um ofício digno de qualquer outra profissão; mas que também encontra uma certa discriminação. É próprio do ser humano meter a língua em tudo que não conhece. Já ouvi comentários de pessoas que acham que ser artista, principalmente ser palhaço é sinônimo de vagabundagem e não sabem eles que se trata da função mais nobre das artes. Tudo no teatro e na televisão tem o seu começo naquele simples palhaço de circo paupérrimo com lonas rasgadas estacionado na esquina de um bairro pobre de um interior atrasado.
APESAR DE SER OBRIGADO A CARREGAR TODA A ALEGRIA E TRANSMITIR PRA SEU PÚBLICO TODA ENERGIA LEVANDO-OS ÁS GARGALHADAS, NEM TODA HORA ESTE PALHAÇO TEM MOTVOS PRA SORRIR, POIS POR DENTRO O SEU CORAÇÃO ESTÁ SE ESVAINDO EM LÁGRIMAS