E SE FOSSE COM VOCÊ? (I)

Não me conformei com aquele mendigo postado todos os dias no portão da igreja.

Será que nós, crentes num poder superior éramos ineficazes para modificar a vida daquele homem? Como cristãos, achei que tínhamos tal responsabilidade.

Imbuída de fé e boa vontade, fui dialogar com aquele jovem.

Comecei falando da crença num Criador e seu interesse pelos homens, a causa de não sentirmos seu poder nas nossas vidas, o seu sonho de amor pela humanidade.

Não pude continuar. A ira tomou conta daquele jovem. Disse que achava muito fácil eu me preocupar com eles (eram dois), deitada na minha cama limpa e quentinha.

Informei-lhe que perto dali havia um albergue e a nossa comunidade atende às sextas-feiras pessoas carentes, oferecendo banho, cortes de cabelo, consultas médicas, papel, envelopes, pessoas para escreverem cartas, almoço, leitura da bíblia, etc.

Revolta, ódio e sentimentos incompreensíveis tomaram conta do jovem.

Disse-me para não continuar falando, para eu me afastar imediatamente, sob pena de levar um soco, que eu não estranhasse se sofresse atentado de vida quando andasse por ali à noite. Além disso eu estava prejudicando o acordo que havia de eles não incomodarem os transeuntes.

E mais: ele jamais se misturaria com freqüentadores de albergue, muito menos com aqueles carentes atendidos pela comunidade.

Continua...

16/06/2006