INSPIRAÇÃO ILIMITADA?






Esta crônica nasceu de uma mensagem que recebi com a seguinte questão:

 
"- Por que você publica tantos textos em um só dia? Deste jeito irá banalizar sua produção".
 

Nunca havia pensado em um limite de publicação diária. E achei interessante a associação da idéia de qualidade em relação à quantidade publicada. Imaginei o seguinte raciocínio: um bom texto demandaria tempo para ser elaborado. Por isso, é improvável publicar uma série de qualidade diariamente. Além, é claro, diminuir a possibilidade da mesma pessoa desejar ler todos os textos que publiquei em um dia.


Talvez, neste aspecto, serei sempre amadora. Não faço cálculo de audiência em número de leituras. Publico porque uma vez criado, ganhou vida e o mundo.


Comecei a escrever diários e poesias aos 12 anos. E escrevia sem ponto nem vírgula. Minha inspiração nunca foi ordenada nem domesticada. Com a maturidade, apesar de ainda ser chamada de "menina" e outras coisas de menor ou maior consistência, suponho que permaneço, pelo menos, na instância do pensamento, expressão e criatividade, livre.


Por mais que goste do que escrevo, não necessariamente a qualidade será reconhecida. O leitor decide o que acha bom ou ruim. O leque à disposição é amplo e varia numa escala entre a excelência e abaixo da crítica.
O juízo de valor independe da publicação ser única ou múltipla. Pouco importa se será um ou meia dúzia de textos diários. Uma vez publicado, não tenho mais o menor domínio, além do direito autoral, ou se preferir, a propriedade intelectual, sobre o que escrevi.

 
Talvez, publique mais textos em um mesmo dia por não me prender a gêneros. Apesar de ter paixão pelo humor, escrevo crônicas, poesias, contos, arrisco algumas linhas na seara infantil, enfim, sou eclética. E a produção criativa está relacionada às nuances que compõem a aquarela da minha personalidade.


Antes de encerrar esta crônica, outro dia, em um comentário a respeito de uma poesia, um dos escritores recantistas que mais admiro, José Claudio, perguntou se alguma vez sofri de "desinspiração".


A criatividade é sublimação. Possivelmente criamos mais quando entramos em contato com nosso mundo interno e nos damos conta dos vazios, lacunas e dores na alma. O que me leva a concluir que devo sofrer muito na vida. Por isso escrevo tanto!


Possivelmente esta é a fonte inesgotável da minha inspiração. O que tem um lado bom! Se sofro muito, escrevo mais ainda. Se não, a dor diminuiu! Nos dois casos, há um aspecto positivo e outro negativo ou como diz meu avô: "não há vantagem, sem desvantagem". Pelo menos, em atos não secretos.
 

Entretanto se pretendo ser reconhecida como escritora, escrever (maior ou menor quantidade de textos) é exatamente isto: meu ofício. Penso, logo escrevo. Sinto, logo escrevo. Sorrio, logo escrevo. Sofro, logo escrevo. Vivo, logo escrevo. E quando não posso viver o que desejo, escrevo.



E ponto final até a próxima história... :)


(*) Imagem: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 22/08/2009
Reeditado em 23/08/2009
Código do texto: T1768379
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