NA VARANDA
Na simples varanda de um casarão antigo, com paredes desbotadas, assoalho que nos leva ao passado, alguém se perde numa rede de retalhos, feita por uma mulher que carrega no rosto as marcas do tempo.
Com barba por fazer, sem pressa de viver, ele se recosta, se espreguiça, ri diante das travessuras das crianças que ali brincam.
A noite vem chegando, a relva bem baixinha aconhega os animais que se colocam diante de seus olhos, como se quisessem ouvir suas historias.
Ao escurecer, as estrelas brilham, o céu escurece, a lua vem devagar, iluminando toda aquela imensidão.
Da memoria brotam lembranças, antigas canções saem , vestigios de uma historia que se tem guardada no peito,deixadas no coração, apesar das dores, apesar da distancia.
Na varanda antiga, o homem de hoje,tentando juntar as migalhas de um tempo que não volta mais.
No rosto, as rugas do viver, a ternura ainda escondida, os sonhos realizados ou não que conseguem elevar a alma de um corpo marcado pelos dias de outrora.
As horas passam, toma-se um forte café, um delicioso pedaço de broa lhe é oferecido, e ele ali, viajando, admirando o show da vida.
O sono chega, e aquele corpo cansado, se coloca em pé, recolhe a rede, apagas as luzes, acaricia o cão, seu fiel companheiro, e vai em companhia da sua doce e firme Maria, em direção ao quarto,pra na sua cama, abraçado,descansar, sonhar, esperar que mais um dia lhe seja dado, e que assim ele possa desfrutar mais um pouco deste simples e maravilhoso presente que é a vida.