Palavras Vazias

Palavras Vazias

( Inania Verba)

Presa a lembrança de um poema de Olavo Bilac “Inania Verba” fiquei a meditar:

Como expressar o que nos vai à alma? Como demonstrar a força de nossos sentimentos?

Tenho, por vezes, a impressão de que os sentimentos é Deus em nós. Eterno e imutável. Passam séculos e os sentimentos humanos são os mesmos: amor, ódio, ciúme, paixão, dor... É como esta “Energia Divina” que não vemos, mas sentimos.

Como atingir, pois, o inatingível?

Como transformar em palavras o que arrebata nossa alma!? Quando tentamos, a palavra soa falsa, vazia.

O que ansiamos é maior do que qualquer forma de expressão!

Todo o tipo de arte, tenta transmitir a força do sentimento de seu autor.

Na pintura, diante de uma tela em branco idealizamos algo que em nossa mente toma forma e parece traduzir o que almejamos. Porem, ao tentarmos dar-lhe formato, este parece pesado diante do que pretendíamos

Os grandes mestres da pintura tentaram. Muitos entendidos dizem que os impressionistas estavam em busca da luz. Todavia, a mim parece que muito mais do que luz, todos, em todos os tempos estão em busca de expressar seus sentimentos. Acabam frustrados, pois no final a obra está muito aquém do que sonhavam.

Toda forma é fria diante da idéia

A música sem dúvida é a grande expressão do sentimento! Ela ultrapassa o ser humano e se espalha no ar.

O amor, assim como ódio, raiva, ciúme, é maior em nosso interior, por isso, tudo que trazemos trancado toma proporções inimagináveis.

Nossa alma não tem a forma de nosso corpo. Ela é feita de sentimentos que se expandem como a luz.

Assim, sem encontrar a forma e a palavra exata, vivemos em busca de alguma expressão que demonstre nossa fé e o amor que guardamos dentro de nós.

O poeta em seus versos nos mostra o vazio das palavras ao tentar o autor passar para uma folha de papel seus sentimentos

Inania Verba

Olavo Bilac

Ah! Quem há de exprimir, alma impotente e escrava,

O que a boca não diz, o que a mão não escreve?

- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,

Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava…

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:

A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…

E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,

Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?

Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas

Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?

E as palavras de fé que nunca foram ditas?

E as confissões de amor que morrem na garganta?

Lisyt
Enviado por Lisyt em 21/08/2009
Código do texto: T1766453