Consumação
Mais uma noite que pede pela chama da lareira, uma taça de vinho ao som de Bach , ou melhor seria que estivesses aqui, dedilhando só para mim , a ronda turca ...Bastarias à ausência de um luar furtivo... ? Ouço nas gotas finas resquícios de um mar antigo sob o canto das ondinas. Este seres mitológicos, brejeiros, que parecem brincar alheios aos pre juíjos e remetem-nos às emoções primeiras.
Chove ainda e, deixo-me assim estar entregue às forças elementais , estreitando junto ao peito folhetos de viagens, que levam ao passado e aquecem melodias . Não são esquecimentos que busco nem silenciar o canto das serias, ao contrário , foram tantos os desejos saciados que os quero gole a gole, saborear novamente no vagar gostoso das lembranças, afirmando a beleza dos dias de jovial encantamento. Como o Poeta Neruda , ainda mais outra vez, confesso que vivi e, surpreendendo-me do quanto fui capaz de abrir aos encontros de fortuitas alegrias, entreguando-me às fantasias e realizações de outros sonhadores num outramento que implicava em singularidade e multiplicidade.
Ora sei construo, com a força de mesmos verbos, com outros substantivos agregando adjetivos sequiosos, com a certeza de que muito logo, outras ânsias ganharão este corpo que desarvora-se lançando-se em dança às chamas, cedendo ao evocado das salamandras em êxtase e consumação.