Ditadura dos costumes

Depois da proibição do cigarro (em geral tudo começa longe) a televisão descobre ao indivíduo, (nunca as empresas, pois muitas se dedicam a investir em comunicação), que os “aviões” poluem monstruosamente os céus e terras, como se devorassem “toneladas de pulmões” a cada voo, além de escurecer o crepúsculo que não dá para ver aqui do micro. Para que uma notícia seja boa é preciso começar por pesquisador estrangeiro dizendo o que sabemos, assim a matéria sai impecável, com total subserviência ao pensamento estrangeiro; fruto de anos de colonização subjetiva. Espécie de resultado do caminho das Índias. Por delicadeza informativa não devemos deixar que os nossos filhos digam que: “a sociedade industrial cresceu em lucratividade irresponsável erguendo himalaias de lixo”, mas é a pura verdade.

Enquanto isso o único meio de desviar a atenção para as coisas do alto da pirâmide é promover a ditadura dos costumes que está ganhando cada dia mais terreno com o indivíduo governado por estatutos. A inteligência das regras será sempre substituída pelos ataques da mais perfomática idiotia. Quase sempre fanática e fatalista. Toda regra é robotização e robotizações levam a perversões que buscam o homem antes da escravidão maquinica. A idiotia recai no indizível ponto final dentro do turbilhão das regras.

A grande guinada da tecnologia do controle social do individuo, preocupação básica dos estados indigentes, está atingindo um novo ciclo humano, que é o de estreitar ainda mais o homem, na condição de represado por leis em todos os seus instintos e desejos. A lei é pura e programa o Ser, longe disto só haverá punição e castigo. Os crimes de natureza moral são tão fortes para a mídia e tão atraentes para ela, que precisam ser documentadas substituindo o espetáculo das carnificinas brutais, estas já desgastados pelos seriados de brincadeira sobre a realidade. E até parece mentira. Os crimes hediondos formataram por longos anos o grande atrativo para se estar na frente da tela. Essa guinada nas pautas se dá justamente quando se modifica a regalia espiritual da “igreja de prestígio” , aquela melhor centrada no plano político. Resta o poder dos meios de comunicação. Desejosos de ocupar um espaço riquissimo com novos atrativos, ainda que esbarrando na comunicação egocentrada da internet.

A mídia das massas precisará sempre de apoio dos escândalos dos costumes íntimos, que era reserva para se fazer valer como “show” dentro da selva humana das apresentações. Certamente algum pensador estrangeiro já havia pensado no assunto.