NO ROSTO DE VOCÊ

Diante da Sua presença faltaram-me palavras, a poesia calou;

Se ao menos eu pintasse, usaria mil combinações, brincaria com as cores para desenhar as curvas do Seu rosto que lembra o rosto de nós todos;

Se ao menos eu soubesse compor, cantaria a mais bela das canções, a música mais sutil com os acordes mais singelos que tocam direto no coração, enquanto entoamos pontos de exclamação em todas as nossas dúvidas;

Mas eu sou apenas um catador de estrelas, um apanhador de palavras que costura versos, que cata letras e que diante do Seu amor, ficou calado.

Fiquei calado, pois a palavra me faltou e só percebemos o encanto da palavra quando ela nos falta e desejamos expressar aquilo que não pode ser dito;

Fiquei calado, não pelo visto ser complexo, mas porque só nomeamos aquilo que pode ser explicado, digerido, manipulado; e o Seu amor, Senhor, não pode ser descrito ou mensurado.

Porém, sou escritor, meu Pai e por isso Te peço: dai me o nome da experiência que senti, conceda-me o privilégio da tentativa de mostrar aos meus irmãos, que não bebi, não sonhei; eu vivi!

Eu vivi uma das experiências mais honestas da minha vida, pois a mentira, a falsidade e arrogância exarcebada do ego ficaram de fora do salão dourado onde fui recebido pelo Senhor em pessoa;

E eu fiquei curioso, pois sempre acreditei que o Senhor não tinha um rosto; então, o Senhor riu e disse para mim: “Não tenho mesmo, pois tenho todos os rostos”. Na hora entendi, agora pelejo para compreender, como o Senhor consegue ser nós todos e ainda assim ser Você.

Você...

Permita-me chamá-Lo de Você, pois até agora vejo o seu rosto no outro, nos amados e nos estranhos, Te vejo em cada canto e Tudo tem cara de Você.

E isso me dá uma alegria tão grande, pois é muito bom saber que não estamos sozinhos; que por trás de cada ato, há o Seu carinho, o Seu cuidado, como qualquer Pai faria, e eu sei disso, mesmo sem ter sido pai ainda.

Obrigado meu Querido Pai Rei

Por me permitir lembrar disso,

Por ainda me deixar sentir a Sua graça no ar e mais do que tudo,

Por eu poder lembrar do Seu Rosto na face de cada povo e nas curvas de cada coisa.

Frank Oliveira

21 de agosto de 2009

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