Sábado Letivo ou Letal? (TCE – “Tecido Com Escórias”)
Legitima-se e justifica-se o sábado como dia letivo apenas porque se discute em grupo qualquer assunto da escola? Qual aluno frequentaria uma reunião dessas, num sábado, para torná-la legalmente letiva, sem lhe dar muitos pontinhos na nota? Porém, os professores não ganham nada a mais! Chamam-na de parada pedagógica, outros preferem, de TCE (trabalho coletivo escolar). Contudo, chamem-na do que quiserem; não passa de uma confluência para fazer faxina nas dependências da unidade escolar; quando não, para dar atenção às diferenças pessoais e se acrescentam alguns informes locais, que nem precisavam ser transmitidos lá. Muitos preferem chamá-la, por isso, de “lavação de roupa suja”. Eu gostaria que o sábado fosse o dia de descanso, como diz a Bíblia Sagrada: “Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está nas tuas portas. Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia: por isso Iahweh abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Ex. 20:8-11 BJ). Como se fazia melhor educação com 180 dias letivos no ano e 5 aulas de 45 minutos por período sem profanar o Dia do Senhor!
Muitos educadores detestam este fardo: ter que ir à escola no dia de sábado, e a choradeira aumenta quando, faltando, o ponto é cortado, tiram do seu mísero salário! Mas, para evitar esse transtorno, quem precisa faltar contrata até substituto para assegurar sua presença mesmo a distância. Que contribuição daria um professor substituto para o enriquecimento dos temas tratados ali, se ele está completamente descontextualizado? Outros vão a fim de ser aceitos e amados. Esforçam-se em dar significativas contribuições para que seus chefes fiquem contentes. Sentem que devem ser engraçados ou de boa aparência a fim de que sejam reconhecidos. Sabem que seu diretor aprecia se tiver bom comportamento na reunião. Mas, e as ferramentas que precisam ser amoladas para o trabalho produtivo e eficiente da sala de aula nos dias "úteis"? O problema se avoluma quando, após um encontro desses, refletimos e nos deparamos com a triste realidade que uma manhã toda de “trabalhos” não nos acrescentou nada profissionalmente, apenas se foi a vitalidade intelectual! É como já disse Luís de Camões: "O fraco rei faz fraca a forte gente".
De alguns anos para cá, tenho chegado à crua conclusão de que em vez de tentarmos manter só a aparência, que é inútil, quando contemplamos as reais necessidades da educação pública, deveríamos crescer de fato, procurando o conhecimento casado com a experiência que gera qualidade. Esse tal sábado letivo mina o pouco tempo que o professor tem para estudar e se revigorar! Penso que haveria muito menos professores e funcionários da educação desanimados se tivessem essa coerência. É isto que direciona a educação para a vida: importar-se mais com a quantidade que com a qualidade?
Dessas reuniões pedagógicas só o coordenador sai feliz, de alma lavada, ninguém mais! E se não comparecer ao tal TCE, o ofício circular da Secretaria de Educação, nº 012/2010 - Gegeder/Codesal diz o que vai acontecer: "5. O servidor que faltar ao trabalho coletivo sem justa causa, terá perda de vencimentos referente a 5 (cinco) horas-aula para o professor, 5 horas relógio para o técnico administrativo educacional." Que Deus tenha misericórdia de nós!