Singelo passeio
No caminho da vila a pequena casa abriu-se como flor, dela vertia o aroma de geléia fresca, e o rumor de crianças ao redor da mesa na tarde de quinta feira. Legumes e flores ladeavam a entrada desconsertando os sentidos. Charmosas borboletas davam ao pequeno jardim o movimento encantador. Na simplicidade, ainda desertas de folhas algumas trepadeiras exibiam alguma cor anunciando o final do rigoroso inverno.
Da estrada o olhar não se continha e deflorava a privacidade da doçura ímpar.
Alguns brinquedos dormiam esquecidos, entre os cascalhos, guardando um certo pudor,como o que habita o rosto do poeta ao ver-se diante da amada com seu poema no bolso, sem a coragem de faze-lo presente em todo ser ardor.
Um pouco anestesiada pelo espanto pensou ; hoje duvido um pouco das letras que não criam asas e não se dão a colorir jardins, não bordam almofadas, não enchem lares com aromas e esplendor .
Espectador de moradas de Bougainvilles na alameda, como o rapaz que contempla o por de sol e acredita que os sonhos são fibras dos olhos que se alongam e criam vida, a moça sorri e volta para casa contando estrelas e sementes de amor que encontrou.