O fim de Deus o do homem
Neste século 21 a tecnologia impera em todos os cantos da vida, nos hábitos dos homens. Outro dia, ao entrar em um Shopping, me incomodou aquele tratamento frio e mecânico de um robô (não que lidar com ele fosse alguma novidade):
- Pegue seu ticket e faça boas compras.
Talvez por eu estar desempregado vi naquela voz um rival, um concorrente. Aquele emprego poderia ser meu ou de um dos meus pares, de um ser humano. Depois desse dia peguei aversão total às máquinas, tentei viver sem elas. Comecei a escrever à mão, não liguei mais a televisão nem o computador. Queria destruir todas elas. Comecei a dar-me conta de que elas tinham invadido e dominado meu mundo, nosso mundo. Em qualquer lugar que eu fosse lá estava ela, a máquina. Fui lavar o carro, não havia lavador humano. Uma máquina dizia-me ao entrar no lava jato:
- Feche os vidros.
De repente, duas escovas gigantes começaram a esfregar meu carro, enquanto dois bicos mecânicos atiravam sabão. Dois minutos depois a voz me fala:
- Tenha um bom dia e volte sempre.
Pensei comigo: não dá! Como viver sem elas?
Minha escrita perdera a qualidade e a velocidade. Era inevitável, eu me via totalmente dependente da máquina. Passei a gastar mais tempo para ler o jornal. Antes, acessava um site de notícias e em dez minutos ficava inteirado sobre tudo o que era importante no mundo.
O homem se autodestruía. Havia feito a máquina à sua imagem e semelhança para que estas lhe fossem obedientes, não para serem dependentes delas. Encontro aqui um paralelo entre Deus e o homem, com uma diferença básica: o homem não dera livre-arbítrio à máquina, mesmo assim deixara-se dominar por ela. Do jeito que vai, em pouco tempo teremos máquinas literais no poder, nos três poderes. Por enquanto temos homens-máquina governando. Talvez seja melhor, que venham as máquinas! O livre-arbítrio dos homens matou a Deus. É justo! Matem aos homens as máquinas!