Por indicação dos homens

Desde a nossa fase lactente, aprendemos que o pecado é o mecanismo responsável pela condenação eterna do homem. Vamos crescendo achando ser este o substrato de todas as nossas ações. Esse rigor pavoroso é ampliado na casa paterna, quando os progenitores não desfrutam do direito de pensar, mergulhando-se no universo da fé fanática e nada mais existe no plano terreno. Até que, por acaso, a Filosofia nos apresenta ao dever de questionar, de olhar para a imensidão que nos envolve e perguntar por quê?.

O medo, a partir daí, dá lugar a uma inquietude, uma confusão interior provocada pela guerra entre o Id e o Superego. As visões da imposição de antes são transformadas em horrores figurados em demônios e os caldeirões em chamas do fogo eterno do inferno. Mas a liberdade do entendimento se opõe, encontrando guarida nas páginas amareladas da história. Assim, retroagimos lá nos ninhos iniciais, tribos primitivas e seus cultos, suas oferendas politeístas, sem a noção de ferir nenhuma divindade, pois ali estava o sagrado, que era a própria absolvição. No meio das selvas longínquas, a prática pagã, as leis que compunham o credo e a adoração dos deuses, a veneração dos dias, o agradecimento à mãe-natureza, a certeza de agradar ao supremo.

Porém, dentro da ambição do homem de conquistar além das fronteiras aquilo que necessita para sobreviver, notou-se que a fé era algo inexplicável, sentimento tirado do nada, e era capaz de modificar a realidade. Desta maneira, pedras caem do infinito e sonhos são transformados em profecias, pessoas comuns no conceito humano passam a ter poderes sobre nações. O cristianismo foi reforçado após a passagem de Jesus Cristo. Apesar da perseguição sofrida, consolidou-se, internamente sofreu com as fragmentações, conseguiu a tripartição da figura de Jesus Cristo, que resultou na santíssima trindade. O homem, com o poder das oratórias, dominou também o reino dos céus muito antes da insurreição burguesa denominada Renascimento, os santos já estavam ao lado do altíssimo. São diversas fases para o morto alcançar o posto, talvez as ações no plano terreno se importe pouco, se pessoas vivas forem agraciadas com o milagre do candidato a santo. Temos também os casos de alguns considerados santos, mas apenas pelo povo humilde que a eles atribuem milagres de simples cura de dor de cabeça até patologias mais graves, porém, a estes o Vaticano não concede o título, não se sabe qual é a conversa que se tem com Deus, mas os santos populares nem na fila estão. Ernesto Che Guevara é considerado santo na região da Bolívia, onde foi executado; o cangaceiro Lampião já curou muitos nas caatingas nordestinas, assim como um dos seus jagunços de nome Jararaca, morto em Mossoró. Voltando à nossa linha de raciocínio, a religião é poder em todos os sentidos, para quem governa ela ajuda com seus apotegmas de que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Para quem está sob o governo apenas por estar vivo já basta e, agradece se outras desgraças vierem. Dos suores de dez por cento, às vezes do irmão desempregado, a polícia prendeu um casal de ladrões de uma Igreja em São Paulo que fazia uma proeza santa internacional. O eleito melhor jogador do mundo é membro dessa igreja e, infelizmente, não usou do seu prestigio para denunciar a prática, poucos dias depois do acontecido o craque de cabeça lavada anunciou que será pastor ao findar a carreira. Assim entendemos um pouco daquilo que objetivou as carnificinas pelos conquistadores da América espanhola e o Brasil português. Torcemos para que Deus um dia se canse de toda esta parceria que tem feito com o auto comando das facções religiosas e faça diferente, abra os cofres do Vaticano e alimente a África, mande todos os trabalhos de Michelangelo para o Masp, mas reforce a segurança. Confisque os bens dos Judeus e Mulçumanos e aplique o dinheiro em planos de paz para o Oriente Médio, derrube as cercas que separam Israel e Palestina e desarme a todos. Peça prestação de contas aos Templos Protestantes, principalmente aqueles que disputam a hegemonia do mundo com a Coca-Cola, com o excedente do montante aplique na educação das crianças e adultos que vivem sob o chicote da Bíblia.

Adilson Cardoso