QUAL A IMAGEM QUE MELHOR DEFINE O SÉCULO XX?
Estamos no mês de agosto, das notícias estranhas, dos aniversários esquisitos. Me perdoem os que neste mês nasceram, mas desde pequeno sei que agosto é mês de cachorro louco... Pois é, é aniversário da Bomba Atômica sobre Nagasaki e Hiroshima, do suicídio de Getúlio, do festival de Woodstock, da renúncia de Jânio Quadros e do acidente fatal de Juscelino Kubitschek. Também foi em agosto que se iniciaram ambas as guerras mundiais e no Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo, consta a seguinte definição: “Agosto, mês de desgosto. Nos países latinos é o mês das desgraças e das infelicidades”.
Como uma coisa leva a outra e por eu ser uma pessoa que logo associa tudo a imagens, pensei qual será a imagem que melhor define o mês de agosto. Fiquei logo com o cogumelo atômico, sem pestanejar. Não tive tempo nem de espirrar e já me veio a indagação: mas o tal cogumelo não é a imagem símbolo do século XX? Pois é... Afinal qual a imagem do século? Ele se foi (o século) e foi um século muito louco. Duas guerras mundiais, além de outras centenas que pipocaram aqui e ali, como a Revolução Russa, a Revolução Cubana, Mao Tsé Tung, Vietnã, Coreia, Holocausto, Guerra dos Seis Dias e Iraque acabaram dando ao século o cognome de “Século das Guerras” para ser assim estudado pelas crianças daqui a uns 200 ou 300 anos.
Mas foi o século dos eventos e das coisas extraordinárias também, como do XIV Bis de Santos Dumont, do pouso na Lua, da “Terra Azul” de Gagarin, da Penicilina, das vacinas, do futebol, do computador, da tecnologia, do automóvel, rádio e tv, da diminuição das distâncias, da velocidade da informação e sobretudo da internet.
Mas qual imagem marcaria melhor esta loucura toda que começou apenas com as máquinas a vapor, passou pelo “Flower-power” e terminou com todos na “net”, por assim dizer?
Ah, já ia me esquecendo, foi o século em que o Homem se libertou do Estado, das certezas absolutas, dos Reis e Nobres escolhidos por Deus e desenvolveu a democracia e os direitos civis e sociais. Nos descobrimos fundamentalmente como humanos e capazes de decidir nosso destino mesmo frente aos mais absurdos totalitarismos. Descobrimos que somos iguais, independentemente de cor, raça ou credo. E foi daí que me ocorreu que a imagem que melhor resume esta loucura toda, é a de um jovem literalmente peitando uma coluna de Tanques de Guerra. Captada na Praça da Paz Celestial (pelo nome, não podia ser em lugar melhor...), nos mostra que é possível resistir, acreditar e fincar o pé, amando a liberdade e sendo humano em toda a plenitude.
PS: este texto é postado hoje, por falar de imagens, em homenagem ao dia mundial da fotografia (19/8)