BIG APPLE LATINA

Abri a caixa de Sex and The City. Resolvi assistir as cinco temporadas numa tacada só, uma verdadeira maratona. Comecei pelo final - o Filme.

Carrie Bradshow é inspiradora e, o tema “Solteiros x Casados”, tendo como cenário a Big Apple é fascinante, sobretudo, quando se vive numa metrópole tão confusa e solitária quanto São Paulo – a Nova York Latina. Afinal temos o nosso próprio Central Park e nosso Soho, temos os cafés, as bibliotecas, as boates (danceterias), nossa Little Italy, as livrarias, a diverssificada vida noturna, as tribos do mundo todo, os nossos imigrantes e a nossa Semana da Moda. Uma “Melting Pot”!

No episódio que acabo de assistir (já estou no terceiro da primeira temporada) Carrie, a solteira-louca-para-casar, se arrisca em mais um encontro que não daria em nada. Também, eu, vou me arriscando em encontros desencontrados e desencontros-cheio-de-descobertas.

Descobrir-se e revelar-se, eis o verdadeiro motivo das relações humanas, certo?!

Somos animais e temos instintos. Mas, pensamos, logo, desistimos de nos arriscar por conta do intelecto-racional-manipulador que nos revela e nos faz sentirmos humanos. É ai, onde complicamos tudo.

Se você é solteira e nunca assistiu Sex and The City, deveria fazê-lo, principalmente se vive em uma metrópole semelhante a da série. Divertido e intrigante, denuncia comicamente o quão o ser humano busca o outro embora esteja cada vez mais se inundando de si próprio. Não se trata de escolher a solidão, pois esta é a total ausência do outro. Trata-se, sobretudo, de fazer companhia a sua própria pessoa, de desfrutar da sua presença e sentir-se pleno e inteiro, muito embora a história nos tenha tentado fazer acreditar em idéias como “a outra metade da laranja”, “alma gêmea” e coisas do gênero.

Inundada de curiosidade recorro ao meu amigo Aurélio – sim o Buarque de Holanda – para ver o que ele fala sobre o assunto, e veja isso. Diz o Aurélio que solteiro é quem nunca se casou, ou ainda: “...2. Fig. Carente, carecente, falto (...) 3. Marinh. Diz-se de qualquer cabo que não está sendo usado, mas disponível para uso.”

Ora pois, nem carente, nem falto. Muito menos disponível para uso.

Feliz e inteira.

Em - minha - ótima companhia.

Obrigada!