Ser cronista é... ("O texto de um cronista pode revelar um papel fraco, depressivo, corajoso, hilário, colérico ou, simplesmente, doce e afetuoso." — Doracino Naves)

Ser cronista é como a atuação de um jogador de futebol, se ele tem a bola, ataca; se não a tem, atrapalha a evolução dos que a têm (o adversário). Aqui, valem mais os que enganam melhor! A diferença é marcada pela recompensa financeira e igualada na forma de olhar esta "vida besta".

Essa bola cheia para o cronista significa um tema bem escolhido e trabalhado, agora não sei se escolhemos o tema ou se somos escolhido por ele, mas tanto faz, o que importa mesmo é a reflexão. Lembrando que qualquer tema pode virar crônica, desde que o cronista saiba revirá-lo perante os olhares encabrestados do leitor calejado do cotidiano repetitivo e estéril até clarear o mais obscuro dos ângulos.

Quando dizem que eu não estou com essa bola toda, talvez uma crônica, sobre algum aspecto de mim, diga meus valores. Ou apenas signifique que eu não conquistei ainda meu espaço, ou não tenha tempo para conquistá-lo, ainda que Kant afirme que não existe tempo, porém insisto por um flash nocional para me transcender. E se eu fosse uma crônica ambulante, em que meus movimentos representassem palavras maquiadas com o brilho exemplar das estrelas cadentes para uma leitura imagética? Que leitor seria você, e que crônica seria eu!!! O cronista viraria crônica e o leitor, cronista. Coloque-se, agora, neste momento, em meu lugar, olhando o céu a partir dessa velocidade, e veja o que acontece com relação aos papeis, eles viram ação, tempo e espaço. Também haverá uma cumplicidade que banirá toda a incompreensão. Com este rasgo, assim devo ser, eu mesmo, minha eterna crônica, específica e profunda com valor de minha subjetividade. Já estou achando que esta vida não é tão besta como parece.