Não fale sobre o que não sabe, Presidente...

Convenço-me cada vez mais de que não devemos jamais opinar sobre os assuntos que não conhecemos bem, com propriedade, sob o risco de fazermos feio. Acredito que o Presidente Lula não foi feliz quando afirmou que as últimas eleições na República do Irã foram conduzidas com lisura e que o resultado foi justo. Ainda acrescentou em seu discurso que as reclamações sobre esse pleito estão vindas dos perdedores. Ao que parece, a vontade do eleitorado não está mesmo representada no resultado das urnas. A imprensa mundial não pode fiscalizar o pleito, e, portanto, o Ocidente nada pode saber com exatidão sobre o que realmente aconteceu por lá, qual foi ou não foi o teor verídico dessas denúncias todas. E então, como o Presidente arrumou as informações para afirmar tudo isso? Balela! Falácia! Isso, sim, creio! O mundo todo ficou à deriva de todas as informações sobre essas tais eleições. Em um rompante, ele jogou fora mais um fruto de suas emoções já bem conhecidas pelos cidadãos brasileiros. Está virando moda. Pode não!

A Teocracia iraniana é desrespeitosa demais para com os direitos humanos. No Irã os cidadãos vivem sob a vontade de um Estado forte, duro, drástico. A mulher é tida como algo absolutamente subalterno ao homem, sem muitos direitos. Atualmente, um programa nuclear obscuro vem incomodando não só a vizinhança como o resto do mundo. O Irã já dispõe de bomba atômica e o que é pior, pode, doravante, falar de igual para igual com Israel. É crido, tanto no Oriente como no Ocidente, que, o Irã pode desestabilizar o clima político na região e até fomentar um grande conflito mundial armado e o que é pior, usando armas nucleares.

Sustentar uma Teocracia em pleno século XXI é uma barra pesada para um país que permite aos seus cidadãos verem, mas não usarem, o luxo do Ocidente, suas ideias e coisas mais. Não estão ilhados, mas abertos às visitas do povo do resto do mundo. O Irã, além de estar geograficamente localizado numa área de terras em constantes conflitos, é rico em petróleo. Tudo isso junto é o bastante para produzir muita preocupação em um gordo punhado de países ricos e com bastantes interesses os mais diversos na região.

Pois é, bem que o Presidente Lula poderia ter esperado mais um pouco para opinar sobre o pleito eleitoral na terra dos Aiatolás. Mas não, achou de vomitar despercebidamente acerca de um assunto importante e do qual ele não estava sabendo quase nada ainda. As informações que porventura lhe chegaram vindas do próprio regime iraniano eram ou estavam comprometidas com a inverdade dos fatos e de nada serviriam a ele como embasamento. O país estava fechado às lentes da mídia internacional e por isso todas as informações reais, comprometidas e, desse jeito, imprestáveis a todos os fins.

O povo iraniano precisa libertar-se desse cativeiro político e se redescobrir enquanto cidadãos livres do mundo e não apenas do Oriente.. Uma Teocracia não acha mais, neste século, um lugar propício para se estabelecer. Estado e religião devem andar em plagas separadas. As nações mais civilizadas sabem muito bem que o caminho para o real desenvolvimento do corpo e da alma passa pela total liberdade de expressão no sentido mais amplo dessa palavra.