Causos da Antônia - 5
Eu tinha um cachorro que era o próprio filho único –- mimado e malcriado –- e que tinha mania de pular alegremente nas pessoas.
Só que ele era um viralata grandão, assustava quem não o conhecia – e em alguns casos, até quem o conhecia.
Antônia, naturalmente, tinha um certo medo dele, a princípio. Mas como era ela quem cuidava da fera quando eu fazia minhas pequenas e breves viagens, teve que controlar este medo.
E o modo que ela achou para se fazer respeitar foi falar com ele bem brava, bem agressiva mesmo.
Um dia, quando entrou no terreno – e ele, como de costume, começou a pular feito um louco – ela não teve dúvida e falou rápido, com a voz rascante da braveza:
– Quietaí, fidap***!
Eu, que estava por perto, fingindo uma dignidade ferida, falei:
– Antônia, como é que você chama meu filho de fidap*** e bem na minha cara?!
Então ela, não menos cínica, argumentou:
– Uai, e eu lá tenho culpa d´ocê, além de ter um fíi cachorro, tem um cachorro que é fidap***?
Pois é. Contra uma lógica tão perfeita, quem é que pode argumentar?...