PSEUDO-PSICÓLOGA

Não sou psicóloga e acho que nunca pensei em me graduar nesta área, mas não entendo porque, sempre estou sendo solicitada para escutar as mazelas de alguém, emitir uma opinião ou manifestar meu pensamento a respeito disso ou daquilo.

Aprendi que neste papel de pseudo-psicóloga o mais importante é ter a habilidade de escutar e nunca interromper. Outra coisa importante é nunca bater de frente. Fazer de conta que a pessoa tem razão e direcionar a conversa para que ela mesma compreenda que está errada.

Lembro-me que enquanto bancária, na função de caixa, era comum receber clientes cheios de direito, dizendo que tiraram numerários de sua conta corrente. Muito enfurecidos diziam que iam deixar de negociar com a agência, denunciar o gerente e na minha sabedoria fruto das constantes reclamações eu dizia: isso mesmo, você deve fazer isso. Onde já se viu meter a mão na conta do cliente!? Você está certo. Pegava o extrato de conta e ia calmamente verificando um a um os movimentos. Tal dia você fez um saque? E esta transferência foi pra quem? Você sacou este valor mesmo? Até que no final o cliente reconhecia que o movimento estava correto. Sua ira dava lugar ao constrangimento que eu procurava amenizar para que ele não ficasse tão encabulado.

Outra coisa comum que sempre vem ao meu “consultório improvisado”, que às vezes é o local de trabalho, ou na sorveteria, salão de beleza, é a respeito de insônia e depressão. As pessoas que estão desmotivadas, decepcionadas com a vida, sem sonhos e esperanças sempre costumam dizer que tem insônia. A falsa psicóloga dá algumas dicas para estas situações.

Primeiro durma tarde, lendo, escrevendo, bordando, assistindo televisão, brincando no computador, navegando na rede. A hora do recolhimento e a hora do despertar são as chamadas “ horas da consciência”, que no silencio da noite ou do amanhecer você se pergunta: O que eu fiz da vida? Por que as coisas não dão certo? Por que só acontece comigo? Por que não tenho sorte? Embora tudo esteja bem na sua vida, embora você tenha saúde, trabalho, você não enxerga o lado positivo.

O homem é assim pela sua própria natureza. Dormir tarde ou com a televisão ligada, com um radinho de pilha na cabeceira da cama, é um remédio para não deixar esses pensamentos negativos, invadirem nossas mentes. E ao amanhecer, quando despertar, não fique na cama rolando, dando asas a pensamentos não auspiciosos. Pule da cama, vá fazer uma caminhada, vá para academia, ou faça exercícios na bicicleta, na esteira em sua própria casa, mas não deixe sua cabeça pensar o que não deve. Exercitar o corpo afasta os males.

Um jovem apaixonado me perguntou o que faria para esquecer uma paixão não correspondida. Respondi que em primeiro lugar deve procurar outro amor. Depois pensar somente no lado negativo desta relação. Se por ventura o lado positivo predominar pense que valeu a pena porque você “foi feliz enquanto durou”. E tem mais, todo mundo já sofreu a perda de um grande amor. Lembre-se que você não foi o primeiro e nem será último. O tempo que dura esta dor depende do exercício de cada pessoa para esquecer o amor que não vingou. Se nada disse lhe conformar siga outro caminho, imaginando que seu grande amor morreu. Assim você não poderá mais ligar para ele, procurar falar ou ficar na esperança de encontrá-lo. Morreu e pronto! Tem que esquecer. Esposas perdem maridos e vice-versa, filhos perdem pais e tudo passa.

Outra terapia boa para desabafar é escrever. Sente no computador. Escreva, escreva, diga tudo que vem na mente. Emita um diálogo com a pessoa que você tanto ama, fazendo você mesmo os dois interlocutores, assim você responde aquilo que você gostaria de ouvir e põe ponto final da história. Embora sem final feliz você diz o que tem vontade de dizer. Depois você rasga, queima deleta. Não confie muito em desabafar com amigos porque como dizia Mário Quintana: “Não te abras com teu amigo, porque ele outro amigo tem, e o amigo do teu amigo, possui outro amigo também”.

Eu não receito nenhum medicamento de farmácia para meus pacientes. Meus remédios são muitas vezes mais caros do que os recomendados pelos profissionais, mas tem uma vantagem: une o útil ao agradável. Viaje, faça festas, vá a festas, gastem com o que lhe dá prazer, restaurantes, presentes. Melhor empregar seu dinheiro de uma forma prazerosa do que gastá-los com substâncias farmacêuticas. E lembre-se que as drogas são faca de dois gumes. Trata de um mal, mas pode provocar outro.

O “X” da questão é a opinião do psicólogo a respeito de tudo que foi dito pelo pseudo-piscólogo. Se este último está certo ou errado não sei dizer, mas que estas dicas já foram testadas eficientemente é um fato.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 18/08/2009
Reeditado em 02/05/2020
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