Homens- Livro
Estive revirando algumas anotações e recados que deixei pra mim mesmo; escritos em 2001, coisas como..."perder peso” “ voltar às aulas de violão” “ ler mais livros por ano" ao lado dessa última grifado em vermelho, ressaltando a importância o lembrete "Fahrenheit 451 ".
Fahrenheit 451 é igual 232°C, a temperatura ideal para queimar papel, esse é o nome do livro que também se tornou filme, que descreve uma sociedade do futuro onde a leitura é proibida, e todos os livros são queimados, antes mesmo de serem lidos, por serem apontados como o motivo da infelicidade das pessoas.
Fiquei pensando na sociedade alternativa do livro, onde os homens decoram livros antes de queimados, se tornam contadores de história e não permitem que ela morra queimada, por estar agora impressa em suas almas. Somos todos nós homens-livros que escrevem sua história diariamente entre alegrias, amores, mortes, aventuras e desventuras. Amores em poemas de prazer, crônicas de dores e trivialidades da nossa existência inexplicávelmente maravilhosa.
Em olhares expressos pelo mundo, quantos homens-livros nascendo e morrendo queimados. Desperdiçados pela nossa cegueira, pelo nosso egoísmo, nossa ditadura da indiferença, nossa falsa sabedoria que é tão cientifica e tão distante do homem-livro de sabedoria de vida em nós. Talvez queimar homens-livro depois de mal interpretados pela alma, seja o motivo da nossa infelicidade moderna.