SER OU NÃO SER IRRACIONAL - Neila Costa

SER OU NÃO SER IRRACIONAL

Neila Costa

O espetáculo que você não vê, é o que eu vejo quase todos os dias, quando estou na companhia de minhas cadelas: Lilica e Nina, brincando, correndo pela casa, o que me faz sentir novamente criança, extremamente feliz, VIVA! Não é sempre que acontece, é quando posso, e muitas vezes, procuro-as porque necessito de companhia o que em troca elas nada me cobram e também porque me fazem esquecer de que lá fora, são poucos os que ainda falam o mesmo idioma. Sinto-me mal por ter que dizer que quanto mais conheço a vida, conseqüentemente o homem, mais gosto dos animais!

O amor que você não der fica em si armazenado e pode um dia a sua saúde prejudicar, por isso é que é importante liberar essa energia que se chama amor, mesmo que seja com os animais, pois quando isso comigo acontece, quando estou entre eles, me elevo a um contentamento pleno. Amor amigo, incondicional, que me reporta, mas afinal, me fazem pensar na triste conseqüência da solidão humana.

Enquanto o animal ama por instinto, o homem ama por desejo, ambição, lúxuria... Delibera a paixão e sem receio, por ódio ou vingança, impulso ou qualquer coisa do momento, maltrata a presa atirando-a ao chão, como se a um jarro sem valor, ou ainda pior, matando-a como se a um inseto. Inegavelmente, nunca se soube de tal instinto aos animais irracionais. Nunca se ouviu falar de que um cão matou uma cadela porque não quis cruzar. Nunca se ouviu falar de que um cão estuprou seu filhote ou o filhote do vizinho. Nunca se ouviu falar de que um cão que morava com seus donos, em um apartamento do 10º andar, jogou pela janela uma de suas crias... Afinal, uma atitude dessas não seria a de um Animal Irracional? Quanta ironia!Será que não é por isso, que hoje em dia, certas crianças gostariam que seus pais fossem animais?!

É impressionante a transformação que eles causam ao ser humano, a ponto de curá-los de suas próprias feridas, de tirá-los de uma vida apática, monótona, como a de um dia sem sol, pardacento, vazia de afagos. É invejável, também, a alegria que eles transmitem e que atinge até a mais rude de todas as almas.

Não são mágicos, não, nem tampouco palhaços, são animais irracionais prenhos de desvelos, em troca de nada. Se em idéias não proliferaram, parece que no enfado de sua irracionalidade, surgiu-lhes uma regra que diz: Se me dão afeto, afeto receberão, mas se me dão agressão, agressão levarão!

Lamentavelmente, por tamanha indiferença, o mundo não tem sido condizente com essas criaturas envolventes e de tão grande valor à humanidade, pois que o homem, deles, transgride seus direitos, e pelo que foi dito, são extremamente dignos!

Enfim, serão os animais seres especiais que provavelmente em vidas passadas, tiveram o seu próprio habitat, onde se entendiam de tal forma, tão bem, que “amor” era o “pão” de cada dia e acarinhar saúde e alegria pra alma?...Ou serão, como dizem nossos avós, anjos de Deus?

Neila Costa
Enviado por Neila Costa em 17/08/2009
Reeditado em 03/11/2009
Código do texto: T1758882
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