Imenso Mar
Oh mar! Nesse teu azul imenso, quantas lágrimas estão misturadas com o sal?
Quantas esposas ajoelharam-se em sua areia esperando maridos que jamais voltaram?
Quantos sonhos tragou para si, deixando alguns ainda a realizar.
Como é negra sua beleza, sua imensidão é traidora.
Chego a ter medo de tua doçura, seu encanto que canta como uma sereia desnuda
E que me chama para além de onde posso ir.
Quantos brinquedos de metal feitos pelos homens agora descansam sobre o seu colo?
Quantas vezes provou que é mais forte que qualquer engenhosidade humana?
Quando chego à sua beira e olho para o horizonte, contemplo sua imensidão e te admiro.
Quando olho-te de cima fico ainda mais embasbacado com sua imponência.
Mas ao vê-lo de dentro consigo apenas enxergar um menino solitário com o qual sequer brincamos por um tempo realmente considerável.
Exploraram o espaço e tu, no entanto, ainda é incógnita.
Então que cantem as almas dos marinheiros que beijou e dos seres que nasceram e morreram em seu seio sem que sequer soubéssemos.
Que eles cantem e cantem alto, a ponto de confundirem seu cantar com os das baleias que dançam graciosamente apoiadas em seus pés.
Quem sabe assim não se sinta mais solitário e deixe as cinzas de minha vida sobreviverem a mais do que a poucas ondas.