Vestida de noiva

As irmãs, em algazarra, correram até o quarto de Inês. Queriam ajudá-la nos últimos retoques. Chamaram. Não houve resposta. Deve estar nervosa, falaram. Abriram a porta. Em vez de encontrá-la na frente do espelho, como imaginaram, viram a moça já vestida de noiva, com véu e grinalda, estirada na cama. No chão, uma folha de papel.

“ Por que fizeram isso comigo? Por que tinha que ser assim? Será maldição?... Todo mundo se conforma, mas eu não! Avisei! Quantas vezes falei! Chorei, chorei... ah! como chorei! Ninguém se comoveu. Ninguém!

Será que vocês não têm coração? Não amam sua filha? Viram bem meu sofrimento! E nem se incomodaram! O que seria da minha vida, para o resto da vida?... Era isso o que vocês queriam, não é? Que eu NÃO me casasse com o João! Mas é ele que eu amo... Ele é que me faria feliz! Só ele!

Eu sonhei, como sonhei! Que um dia o milagre se faria, que por fim vocês iam entender. Mas nada disso aconteceu. O noivo que escolheram pra mim era mais importante. Deixaria herança aos netos seus.

Agora é tarde...

Nada mais importa... ”

Inês estava morta!