CHOVE CHUVA

O bairro ficou sem energia.

A chuva foi intensa.

Dormi cedo e madruguei. Ao despertar corri para ver se os aparelhos domésticos estavam em seu funcionamento...

Refrigerador desligado, som da sala sem sinal... Não se ouvia o som do elevador, o computador não ligava, nem a luz vermelha do modem acendia...

A luz - amarelada - ia se esvaindo aos poucos.

Senti, por alguns segundos o prazer do acampamento e...minutos depois o sentimento paradoxal do mesmo: sem chuveiro quente, sem a cafeteira, sem o ferro para passar a camisa, sem telefone...

Desespero!

Indolente a luz que parecia um candeeiro ia confundindo minha vontade de escrever com o sono...

As letras iam se apagando aos poucos.

Testei - com um abajur - as tomadas da casa, algumas davam sinal de recuperação, outras - porém – exíguas, ainda, e quase sem vida...

Liguei o refrigerador, com a ajuda de uma extensão, a uma tomada em funcionamento para que as "coisas mortas" que lá estavam não se perdessem definitivamente.

Tentei mais algumas palavras, mas a penumbra convidou-me à cama, ainda quentinha...

Deitei e adormeci.