Paris, cidade que nos seduz

Paris é uma cidade que emociona. Aos brasileiros, ela exerce um fascínio especial, não sei bem por quê. A França, país da cultura, das artes, das letras, da moda já nos influenciou mais do que hoje em dia. Seu idioma, que era o da diplomacia, fazia parte do currículo escolar no tempo em que eu era estudante. Na verdade, aprendíamos a ler, escrever e decorávamos poesias. Entrávamos em contato com os grandes autores da Literatura. Mas não falávamos grande coisa, mal passávamos de um “bonjour, comment allez-vous?” que tinha sua resposta em “très bien, merci et vous?”

Quando lá cheguei pela primeira vez, junto com colegas da faculdade, quis me exibir conversando com o motorista do táxi. Mas ele achou que eu falava como um livro! Fiquei furiosa, e até hoje estou remoendo a lição. Daquele dia em diante, empenhei-me em aprender o que os franceses dizem. O que eles escrevem, como “receba, cara senhora, minhas saudações as mais sinceras”, não me interessa mais. Comecei a perceber que tais saudações nem sempre são tão sinceras assim.

A Cidade Luz, centro cultural do mundo, continua a me emocionar. Outras vezes para lá voltei. E ainda pretendo voltar, se possível.

Várias foram as coisas que aprendi em Paris. Além da Literatura, Lingüística, Fonética, Metodologia da Língua, Civilização Francesa, também aprendi o francês que não se encontra nos livros. O espanhol, o portunhol e até o português, não só de Portugal, como aquele d´além-mar.

Tudo isto sem falar nas prendas domésticas, tais como cozinhar, pregar botão, cortar o cabelo, lavar e não passar...

Aprendi a andar a pé e de metrô, deixando os táxis só para momentos de muita urgência. Aprendi também a deixar de ser exibida e nunca mais conversei com motoristas.

Com o passar do tempo, amadureci e resolvi seguir os conselhos de meu pai, que sempre dizia: em boca fechada não entra mosca.

Entretanto, não fosse o infeliz comentário daquele maldito motorista, talvez eu não tivesse aprendido nada disso.