TRUPE ARTEMANHA
A TRUPE
Teatro de rua com sorriso, cultura e conhecimento; assim pode ser definido a grosso modo e a modo grosso, a experiência de assistir a tragicomédia “ Brazil, quem foi que te pariu?” do grupo de teatro Trupe Artemanha. A peça percorre a capital inteira, contando a história do Brasil de um jeito sarcástico, irônico, mas muito divertido que encanta públicos de várias idades.
ARTE
Em frente ao Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, os transeuntes param, os mendigos ficam encantados; um público fiel vai chegando e se acomodando no chão mesmo sob o calor das 15 horas, num dia de verão em pleno inverno. Chego com meu grupo de estudantes, que não possuem a menor idéia do que vão assistir; eu já havia visto algumas fotos, até um vídeo, conhecia a fama da peça de boca; mas ao observar como aqueles atores profissionalmente montam um espetáculo tão bonito na rua, com seus próprios recursos, pensei na arte no Brasil e percebi porque ela é tão boa, pois quem a faz, é gente que a ama e quem ama faz com gosto; faz e encanta.
Não sei se assisto a peça ou observo as pessoas; fico alguns momentos com a peça, em outros sigo a reação de cada gente, dos estranhos e dos meus estudantes: minha irmã e meus sobrinhos riam sem parar das situações cômicas; Denise refletia sobre como fomos colonizados e a maneira como o nosso país já começou errado; Débora, olhava a tudo com mil interpretações; Niele, minha prima não piscava; Larissa, minha sobrinha olhava, absorvia tudo o que seus doze anos conseguia; um olhar adolescente, outro mais maduro; até olhar estrangeiro tinha, havia público de tudo que é jeito; até bebê que respondia ao som e as cores com golfadas de alegria.
MANHA
Sim, a peça é um festival de alegorias históricas, com muita música, um quê de política, mas sem a chatice do falar só de denuncia, numa forma brasileira de rir da desgraça, mas tirando a lição necessária em forma de alegria, sem esquecer da devida meditação que se começamos errado, ainda temos tempo e arte para consertar; e dá-lhe batucada, dá-lhe samba, forró, todos os ritmos dos quatro cantos brasileiros; e o fim da peça se aproxima; uma atriz vestida de índia que representa a própria floresta, usando pernas de pau, vestida de verde; junto com os outros atores, fazem uma dança índigena e olho para os meus sobrinhos, respectivamente 6, 10 e 12 e percebo que a próxima geração já está sendo preparada com arte e isso me esperança de um mundo mais forte, com essa geração preservando a natureza, pois, como diz uma música: "é dela que tiramos mesmo a nossa riqueza".
ARTEMANHA
Sim, entramos, mas saímos do espetáculo transformados.
A trupe se despede propondo uma ciranda. O público não arreda o pé, pelo contrário, estava esperando a deixa, para entrar no espetáculo também e o que se viu, em frente ao Museu do Padre Anchieta, no centro do Sampa, foi uma ciranda gigante com crianças, adultos, velhos e muita gente cantando e dançando, celebrando a vida e a arte de fazer o feio ficar bonito com a manha de quem sabe.