Problemas acentuados
Qualquer pessoa que tenha lido um livro editado há mais de vinte anos pode perceber o decréscimo de acentos nas nossas palavras. Não estando satisfeitos, os gramáticos da língua portuguesa continuam a castrar nossas acentuações e a última vítima foi o trema. Até hoje não sei ao certo o porquê da exclusão do trema (que por sinal continua vigente nas gramáticas brasileiras) quando até mesmo com ele nossos conterrâneos falam absurdos como “tranquilo”.
Estou sentindo um processo de analfabetismo agudo não só nos outros, devo admitir que me pego em dúvida quanto às questões mais banais. Não sei se posso culpar a internet, onde a necessidade da comunicação rápida (para não dizer urgente) faz com que usemos abreviações e deixemos de lado coisas como pontuação e acentuação, o que muitas vezes danifica a compreensão da mensagem, ou à televisão, onde mais uma vez a rapidez com que as imagens são transmitidas tornam os prazeres de uma leitura obsoletos. Ou talvez se dê simplesmente pelo fato de que uma leitura seja considerada perda de tempo ou desnecessária em tempos onde a televisão e, principalmente, a internet atendem e se encaixam mais perfeitamente no nosso mundo corrido de globalizado.
Como a boa velha rabugenta e reacionária que sou, continuo prezando não só pela manutenção do trema, mas pelo respeito à minha língua, que pelo fato de ser viva não só se modifica ao decorrer do tempo, mas também se contorce e faz cara feia quando alguém chama coco de cocô.