Choque

Nevasca. A neve suicida atira-se nas vidraças. O silêncio canta através dos ventos uivantes pelas frestas das janelas. As copas das árvores dançam balouçantemente. O marfim cintilante cobria a natureza resignada. Nada se movia, nenhum ser caminharia naquela gelidão. Imobilidade quebrada somente pelo gracioso bailado arbóreo...

Aqui, o crepitar da lareira e a tepidez da temperatura e do vinho me amolengavam. Música boa! Solidão. Uma boa solidão. Paz. Meus olhos passeiam despreocupados pela nívea paisagem...

Meus olhos, de repente, se fixam num brilho movente. Não consigo desviar o olhar. O brilho anda ritmicamente. Lentamente. Sinto um enorme desejo de me afastar da janela. Sinto calafrios. Não consigo sair! A luz ou mancha vermelha ( seria sangue?) se aproxima. Meu Deus! O que era aquilo?! O medo tomava totalmente conta de mim! Tremores e calafrios bambeavam minhas pernas... Porra! Cada vez mais perto! Passos... Luzes...

Grito como uma ninfeta apaixonada!

Uma voz aguda e alta soa nas minhas costas...

" _ Tia, você gostou do meu novo jogo de luzes laser?"

(Thera Lobo - agosto de 2009)