Adão e Eva?
Adão e Eva?
Chegou cansado ao alto da montanha, olhou para o horizonte, abriu os braços, respirou profundo o ar límpido e maravilhoso. Ficou a conversar com Deus em pensamento e levantou os braços e gritou ao Altíssimo e sentiu como se estivesse pegando a barba do Senhor.
Sentou e decidiu tirar todos os acessórios de desbravador das matas. Sentiu-se como um Adão no Paraíso. Então, olhou para os céus e perguntou: - Senhor, onde está minha Eva? Resolveu continuar nas trilhas, à procura de olho d’água, para matar a sede. De repente encontrou um lago cristalino. Não resistiu, entrou na piscina natural, mergulhou e ao retornar a superfície subiu em uma pedra que ficava no centro da piscina e fechou os olhos.
Sentiu um movimento na água. Sentou-se assustado. Poderia ser algum animal, olhou ao redor e nada, tudo estava tranqüilo. Pensou: foi fruto da minha imaginação. Deitou novamente e fechou os olhos.
Contudo, sentiu algo vir calmamente subindo em suas pernas, tentou abrir os olhos, mas não teve forças, desejava continuar sentindo aquele toque muito macio. Um leve sopro chegou aos seus ouvidos, um som tão suave que ele não teve forças para mais nada, apenas sentir aquele toque tão misterioso e de uma suavidade imaginável.
Passados alguns minutos daquele êxtase, resolveu abrir os olhos e não viu ninguém. Então, como explicar aquele toque e a suavidade do som? Só poderia estar delirando ou então foi excesso de sol. Sentou-se e baixou a cabeça. Quando observa melhor para a água, percebe pés delicados próximos a pedra.
Olhou para os pés da desconhecida e foi levantando a vista e viu uma deusa da natureza. Morena, cabelos longos e muito pretos, pernas bem torneadas, coxas grossas, silhueta delgada, seios firmes num colo suave, braços firmes e roliços, pescoço comprido e num rosto olhos castanhos-mel, nariz afilado, lábios grossos e sensuais que se abriram em um sorriso maravilhoso, mostrando toda brancura dos dentes perfeitos. E disse: Eis-me aqui, sou tua Eva.
A moça foi se abaixando suavemente em sua frente; ele estava pálido, sem acreditar naquela visão maravilhosa, seus olhos estavam fixos naquela escultura. Eva falou bem próxima ao seu ouvido – sou tua – e suavemente encostou os lábios no dele. E neste momento toda a natureza cantou para aquele idílio abençoado por Deus.
Passados alguns momentos, exausto abriu os olhos e lentamente sentou-se. Olhou ao redor, ainda tonto... pois fora uma experiência que nunca havia sentido em toda sua vida ... um prazer inexplicável.
Pensou: terá sido sonho? Não, não pode ter sido sonho, pois sentira um prazer que nunca tivera antes. Não, não poderia ser sonho, fora real, tinha certeza. Ficou a procurar, ainda tonto, olhando ao redor, a sua Eva, quando, de repente ... não, Senhor, não pode ser verdade!
Estava à sua frente, a uma certa distância, um homem sorrindo, um olhar tão malicioso... o rapaz só percebeu um luzir de um dente de ouro ... Meu Deus, não pode ser! Gritou o rapaz, antes de desmaiar.
Gildênia Moura