NÃO SOU MISS DAISY, MAS SEMPRE SOU CONDUZIDA

Não sou Miss Daisy, mas sempre sou conduzida. Daí o meu quase grito de pare! Para quem me conduzia.Uma visão paradisíaca, representada pela beleza de um fim de tarde de céu colorido era vislumbrada por mim da janela do carro.Feita a manobra devida, o carro foi estacionado e eu desci. Do alto de uma falésia fiquei observando a imensidão do mar; estava de pé na beira de um verdadeiro precipício e confesso que fui invadida por uma sensação de liberdade, a vontade que tive foi de abrir os braços e voar...voar...voar... Ao longe, alguns barcos com suas velas brancas pareciam à deriva e bem mais perto da margem os golfinhos em nado sincronizado .

Por um caminho íngreme desci até a praia e iniciei uma caminhada sem deixar rastro, pois as ondas se encarregavam de apagar. Lá em baixo me senti tão pequena, cercada de um lado por altas barreiras e por outro o mar sem fim. Sim, a visão antes vista do alto era paradisíaca, mas toda a beleza viva que os meus olhos enxergaram se transformou em natureza morta diante do ser solitário e saudoso que me senti.

Passei então a questionar o meu sentir solidão/saudade. Seria solidão estar só ou em meio de uma multidão e sentir falta de uma só pessoa? Até onde o estar só me incomoda...? Incomoda-me de fato...? Da análise do que sou e como vivo não cabe solidão em mim. Não. Positivamente não sou só. Tá bem, às vezes eu preciso me convencer disso. Eu preciso me convencer de que a falta de quem ainda amo não me passa mais tamsomente a sensação de solidão . Eu só preciso me convencer de uma vez por todas que já não existe, morreu.

Ah, quanto a saudade, a canção diz que é só esperar que ela se torne igual a espuma das ondas e se desmanche na areia.

... Fiz o caminho de volta e segui rumo a minha ilha da fantasia, o meu refúgio sem nenhum guerreiro. E cá estou sem solidão e nem saudades. De costas para o passado.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/08/2009
Reeditado em 16/08/2009
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