ANTES DE BARACK OBAMA

Nasci em 1951. Fui adolescente na década de 60, vi o mundo se transformar nos anos 70 e avançar cem anos nas décadas de 80 e 90. Entrei no ano 2000 e, como tantos, esperei o "fim do mundo".

Criança ainda, com meu pai e avô paterno, observava o céu, a noite, com esperanças de ver o "SPUTNIK" depois que Iuri Gagarin, o soviético, teve a coragem de ser o primeiro homem a navegar na imensidão do Cosmo. Adolescente, juntei recortes de jornais desde que os americanos do norte lançaram a "APOLO" e vi, nas imagens preto e branco da TV, o primeiro homem pisar na Lua. Quando Armstrong disse "Um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade", eu pensei lá com meus botões de 17 anos: agora os problemas da Terra vão se resolver, estaremos em contato com seres de outros planetas e enfim a paz reina no Universo.

Ledo engano! Os ETs não vieram, e se vieram foram escorraçados, perseguidos e mortos; e a ganância na Terra aumentou ainda mais. Gagarin pilotou pela primeira vez uma nave espacial na órbita terrestre em 1961; Armstrong, Aldrin e Collins foram a Lua em 1969. Na minha inocência eu não percebia, mas já estava em pleno vapor a corrida espacial, mais um ponto de rivalidade, um jogo de forças entre norte-americanos e soviéticos.

Mais tarde, quando a distância do fato me possibilitou vislumbrar o contorno dos acontecimentos, eu percebi o que se escondia por detrás desses feitos heróicos no espaço. Era a "guerra fria" em pleno andamento e a corrida espacial encobria, aos nossos olhos, a ganância imperialista norte-americana. Aqueles que se auto-denominam "americanos" como se representassem toda a América, usaram a propaganda desde antes da televisão ser colorida, para acabar com outros povos, levados pela ânsia do poder.

O imperialismo do século XIX, justificado pela superioridade étnica e cultural, atingia seu ponto máximo na segunda metade do século XX. Dessa vez, porém, não era por serem brancos ou mais civilizados e, sim, o predomínio espacial e armamentista é que dava aos EUA o "direito" de intervir na vida dos outros países.

Assim foi na Coréia, assim foi no Vietnã, assim foi no Panamá... Dividiram a Coréia e o Vietnã em dois. Cuba foi isolada da América porque Fidel Castro com seu "comunismo" ameaçava o domínio capitalista norte-americano na América Latina. O Canal do Panamá ficou muito tempo sob controle dos norte-americanos.

E o imperialismo deles não se restringiu a América. Nas guerras árabes-israelenses, coisas deles, de religião, de etnia, de território, lá estavam os EUA. Fazendo o que? Armando os israelenses. Não porque quizessem um estado livre para Israel, mas movidos pela ganância, para manter o domínio sobre a Ásia; em suma, vencer a URSS. Aliás, para evitar o avanço do socialismo na Ásia, os EUA interviram em todos os conflitos desse Continente. Mataram milhões de pessoas. Testaram armas químicas, bombas... não vamos esquecer que as primeiras bombas atômicas foram norte-americanas _ Hiroshima e Nagasaki ainda sofrem os efeitos delas. Mas, o caso mais típico foi o Vietnã...

Nessa época eu já era adolescente. Lia jornais e acompanhei o morticínio. Vi os movimentos de protesto dos jovens norte-americanos, empurrados para a Guerra, e sei que os EUA tiveram que sair do Vietnã em 1973, fracassado e forçado pela opinião pública que repudiava a morte de seus jovens.

Nem assim a ganância norte-americana sossegou. Afinal, o que representavam "algumas" mortes frente ao desmedido orgulho de dominar o mundo?

Não é só o governo. A população toda tem um sentimento de superioridade com relação ao mundo. Não gosto de gente que se denomina superior. Nacionalismo todos nós temos: qualquer um de nós por menor que seja na escala sócio-econômica mundial, qualquer país por mais pobre que seja. Não gosto de gente que pisa no nacionalismo dos outros. Começando pela auto-denominação "americanos". Como se só eles, os do norte, fossem americanos! Fingem não saber que nós, latinos, somos maioria na América. Que a América Latina é um vulcão gigante adormecido.

Mas, isto é outra história... hoje temos Barack Obama e acredito que o imperialismo norte-americano será mais brando, mais hábil e menos mortífero. Será que podemos cultivar essa esperança?

Giustina
Enviado por Giustina em 16/08/2009
Reeditado em 14/02/2014
Código do texto: T1756556
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