Blues Brazil

Não vou falar do nosso querido e maltratado país. Esse é o nome de um piano´s bar aqui da minha cidade, onde não se toca apenas piano, mas também violão, saxofone... como ontem à noite. É um lugar pequeno, a maioria das mesas e os músicos ficam no segundo andar. Como em qualquer bar normal, lá se bebe, conversa, paquera, namora. Há também petiscos, pizzas em quadradinhos, sopas dentro do pão, tudo bem gostoso. O prédio é rústico, de paredes com tijolos aparentes, telhas-vãs, mas o ambiente decorado com muito bom gosto. O único inconveniente, não por culpa do proprietário, é que lá não se pode fumar (rs)... Bem, depois de um bom tempo ali sentada bebericando vinho, petiscando petiscos, em conversa animada na roda de amigos, precisei pedir licença para sair um pouco. Todo mundo riu quando eu disse que ia dar uma voltinha. E ainda recomendaram que tomasse cuidado com os degraus daquela escada de ferro, que eu classificaria como quase assassina. Excelente pra histórias de terror. Realmente, depois de beber um pouco, descer em curva estonteia qualquer cristão. Mas não houve problema, os saltos do meu sapato não enroscaram, são e salva ganhei a rua.

Ela não estava deserta como imaginei. Nas três mesinhas dispostas na calçada, rapazes e moças bebiam, conversavam e fumavam animadamente. À porta do bar um segurança vigiava, enquanto lá do outro lado o guardador de carros circulava. Em pé, acendi meu cigarrinho e fiquei dando uns passinhos pra lá e pra cá, olhando o céu, com a cabeça no ar.Ao terminar, na hora de apagar, é que tive uma surpresa, quase nem dá pra acreditar. Junto à parede, lá estava um cinzeirão, prateado e lustrado! Certamente por delicadeza do Paulinho, dono do bar, fumante inveterado...