PARECE QUE FOI ONTEM...
Parece que foi ontem. E, no entanto, se olharmos para trás é quase outra vida. Quadros fugazes surgem na mente que se ilumina e nos transporta a cenas vividas, tão vívidas, se pensadas... É um alçar vôo sem bater asas, pois só o pensamento vai; o corpo, denso, fica... É uma viajem sem custos, um vai e vem entre o passado e o presente.
Cenas felizes, bonitas, nos enchem de emoção. Cenas de mágoa, desilusão, nos turvam o olhar. Contadas, elas todas, parece que as felizes se sobrepõem as tristes, mesmo que esses momentos sejam menores em número. É que a felicidade, por menor que tenha sido, sempre supera a dor, por maior que ela tivesse sido, no passado.
A nossa mente tem o poder de selecionar os fatos e prioriza sempre os alegres em detrimento dos tristes. É a forma de defender o nosso coração que, se fossem só pesares, não resistiria a vida que se faz mais longa a cada geração. É a maneira de manter firme o nosso espírito durante as adversidades. As lembranças boas são o bálsamo que cura as feridas da alma, subtraindo as dores do nosso ser.
Parece que foi ontem. E, no entanto, se olharmos para trás, a importância do fato se apequena. Certas passagens que nos turvaram os olhos no passado, hoje nos trazem uma emoção serena e até um sorriso nos lábios, porque sabemos que a dor foi a base que solidificou o edifício da nossa vida. Se hoje somos fortes, muito devemos aos reveses que, no passado, nos abateram. E se hoje rimos deles é porque o tempo tudo cura, até a dor. "O tempo é o melhor remédio", já diziam nossas avós, e assim é, constatamos nós.
Sorrir, chorar, essa é a vida. As emoções são parte do nosso estado físico-espiritual. Ser gente é exatamente ser diferente de tudo o que existe no Universo.