Um seráfico em Itapuã
A admiração que Vinicius de Moraes mostrava ter por São Francisco de Assis sempre me pareceu inquestionável. Por isso, atrevo-me a chamá-lo - se é que alguém já não o fez - de Vinicius, o Seráfico. Estou certo de que o Poetinha não se recusaria a incluir mais este título no seu invejável currículo.
O engraçado é que, até onde sei, Vinicius não era católico. Não acreditava no Deus ao qual o Poverello aderira de maneira incondicional.
Ele até se dizia filho de Oxum quando proclamava sua simpatia pelo Candomblé, cá na Bahia.
Crendo ou não em Deus, o que o saudoso Vina não escondia era seu amor pelo pobrezinho Francisco. Em versos maravilhosos, deixou clara a sua afeição pelo santo de Assis.
Por exemplo. Em A Espantosa Ode a São Francisco de Assis, ele confessa:
- "Meu São Francisco de Assim, poverello, [ou como te chame a sabedoria dos povos e dos [homens/ Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o [poeta se jamais alguém o pudesse ser [depois de ti."
- "Não creio em Deus, mas creio em ti - Deus é minha [melancolia/ Tu és minha poesia - ou quando não seja o amor que ela [deseja."
- "Meu São Francisco de Assis! Acolhe teu amigo e teu criado/ Que partiu para sempre e se perdeu, nunca mais foi[encontrado."
E no mesmo poema, depois de chamar o Poverello de o "inventor do êxtase", suplica: - "Ó dá-me teu sorriso, São Francisco, e me purifica..."
Impossível não recordar estes versinhos franciscanos do Poetinha em outo belo poema: - "Lá vai São Francisco/ De pé no chão/ Levando nada/ No seu surrão/ Dizendo ao vento/ Bom-dia, amigo,/ Dizendo ao fogo/ Saúde, irmão."
Vinicius de Moraes morou um bom tempo em Salvador, na praia de Itapuã. E à sombra de seu alegre coqueiral ele viveu, no colo da morena Gesse Gessy, talvez o mais doce e badalado de seus romances; que foi eterno, enquanto durou...
Afirma-se até, que Gessy o teria inspirado a compor, com o amigo Toquinho, a dengosa modinha Tarde em Itapuã, que tem estes versos como estribilho: - "É bom / Passar uma tarde em Itapuã / Ao sol que arde em Itapuã / Ouvindo o mar de Itapuã / Falar de amor em Itapuã."
Vinicius - saibam os turistas que visitam Salvador - recebeu da Boa Terra uma justa homenagem. Em Itapuã, foi erguida, em tamanho natural, uma belíssima estátua do Poetinha.
Na estátua de bronze, obra do baiano Juarez Paraíso, o poeta está sentado em uma mesa plantada no meio da pracinha que recebeu o seu nome: Praça Vinicius de Moraes. Ele parece esperar que algum garçom lhe traga mais "uma cachaça de rosca", enquanto olha, lápis e papel na mão, para "um mar que não tem tamanho", o inigualável mar da Bahia. Uma bela estátua!
Para Gilberto Freyre, a canora, saltitante e ensolarada capital baiana é uma cidade franciscana. Acho que isso fazia Vinicius sentir-se à vontade na risonha Salvador. A ponto de merecer uma homenagem tão carinhosa.
O Brasil espera que os salvadorenses tratem a estátua de Vinicius com cuidado e respeito. Nunca como fazem os cariocas com a estátua de Carlos Drummond - permanente atração, no famoso calçadão de Copacabana -, que, vez em quando, roubam-lhe os oculos.
A admiração que Vinicius de Moraes mostrava ter por São Francisco de Assis sempre me pareceu inquestionável. Por isso, atrevo-me a chamá-lo - se é que alguém já não o fez - de Vinicius, o Seráfico. Estou certo de que o Poetinha não se recusaria a incluir mais este título no seu invejável currículo.
O engraçado é que, até onde sei, Vinicius não era católico. Não acreditava no Deus ao qual o Poverello aderira de maneira incondicional.
Ele até se dizia filho de Oxum quando proclamava sua simpatia pelo Candomblé, cá na Bahia.
Crendo ou não em Deus, o que o saudoso Vina não escondia era seu amor pelo pobrezinho Francisco. Em versos maravilhosos, deixou clara a sua afeição pelo santo de Assis.
Por exemplo. Em A Espantosa Ode a São Francisco de Assis, ele confessa:
- "Meu São Francisco de Assim, poverello, [ou como te chame a sabedoria dos povos e dos [homens/ Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o [poeta se jamais alguém o pudesse ser [depois de ti."
- "Não creio em Deus, mas creio em ti - Deus é minha [melancolia/ Tu és minha poesia - ou quando não seja o amor que ela [deseja."
- "Meu São Francisco de Assis! Acolhe teu amigo e teu criado/ Que partiu para sempre e se perdeu, nunca mais foi[encontrado."
E no mesmo poema, depois de chamar o Poverello de o "inventor do êxtase", suplica: - "Ó dá-me teu sorriso, São Francisco, e me purifica..."
Impossível não recordar estes versinhos franciscanos do Poetinha em outo belo poema: - "Lá vai São Francisco/ De pé no chão/ Levando nada/ No seu surrão/ Dizendo ao vento/ Bom-dia, amigo,/ Dizendo ao fogo/ Saúde, irmão."
Vinicius de Moraes morou um bom tempo em Salvador, na praia de Itapuã. E à sombra de seu alegre coqueiral ele viveu, no colo da morena Gesse Gessy, talvez o mais doce e badalado de seus romances; que foi eterno, enquanto durou...
Afirma-se até, que Gessy o teria inspirado a compor, com o amigo Toquinho, a dengosa modinha Tarde em Itapuã, que tem estes versos como estribilho: - "É bom / Passar uma tarde em Itapuã / Ao sol que arde em Itapuã / Ouvindo o mar de Itapuã / Falar de amor em Itapuã."
Vinicius - saibam os turistas que visitam Salvador - recebeu da Boa Terra uma justa homenagem. Em Itapuã, foi erguida, em tamanho natural, uma belíssima estátua do Poetinha.
Na estátua de bronze, obra do baiano Juarez Paraíso, o poeta está sentado em uma mesa plantada no meio da pracinha que recebeu o seu nome: Praça Vinicius de Moraes. Ele parece esperar que algum garçom lhe traga mais "uma cachaça de rosca", enquanto olha, lápis e papel na mão, para "um mar que não tem tamanho", o inigualável mar da Bahia. Uma bela estátua!
Para Gilberto Freyre, a canora, saltitante e ensolarada capital baiana é uma cidade franciscana. Acho que isso fazia Vinicius sentir-se à vontade na risonha Salvador. A ponto de merecer uma homenagem tão carinhosa.
O Brasil espera que os salvadorenses tratem a estátua de Vinicius com cuidado e respeito. Nunca como fazem os cariocas com a estátua de Carlos Drummond - permanente atração, no famoso calçadão de Copacabana -, que, vez em quando, roubam-lhe os oculos.