ONTEM....

 

    Ontem eu não estava bem. Aparentemente , sem nenhum motivo  não estava bem. Acordei melancólico, apesar do dia começar anunciando um calor gostoso e um sol intenso e brilhante.

    No café da manhã, comi uma das coisas que  mais gosto. Combinação perfeita para começar bem o dia : torradas com geléia de goiaba, mamão com mel e granola, iogurte de morango e uma xícara de café.

    Ainda assim, continuei melancólico, sem ânimo e para ser sincero, lutando para não ser invadido por uma grande onda de tristeza.

    No carro, indo para o trabalho, escutei músicas que  adoro mas a melancolia continuava, parecia que não ia me deixar em paz.

    Uma das músicas que escutei me fez lembrar de pessoas com quem não falo a um longo tempo e nem sei se ainda se lembram de mim.

   Não tenho muita certeza se é característica de librianos mas, tenho uma enorme facilidade de me apegar às pessoas. É como se costuma dizer, gosto de graça e atoa. É claro que por circunstâncias naturais da vida, nem sempre o carinho que dispensamos a outras pessoas é compreendido e correspondido.

    Isso, me fazia ficar mais triste. Me lembrei de uma uma pessoa em especial. Grande amiga que carrego bem aqui do meu lado esquerdo do peito. Alguns fatores nos impedem de entrar em contato, reatar a amizade e o relacionamento.

    Pensando nisso, ouvindo determinadas músicas, me deu a impressão de que a melancolia aumentava. É como se uma inexplicável angustia resolvesse comandar todas as minhas ações nesse dia.

   Dia aliás que estava lindo. Um sol gostoso, algumas flores tímidas que apontavam no topo das árvores e, se querem saber, nem sinal de um mínimo que fosse do chamado inverno rigoroso.

   Ao passar por uma praça vi várias pessoas que naquela hora da manhã se exercitavam sob o comando de um rapaz atlético e bem jovem.

   A maioria era de idosos, todos animados e tentando acompanhar o ritmo entusiasmado daquele atleta. Só de olhar fiquei cansado.

   Pode parecer incrível mas nem dei muita atenção quando um bando de lindas senhoritas passou, num pequeno trote e aos risos. Certamente elas estavam contando aventuras da noite passada ou comentando as fofocas das novelas.

   Pelo retrovisor do carro, meio desinteressado, percebi que todas usavam essas calças coloridas bem colantes que realçam de forma bem sensual o corpo feminino. Mas, nesse dia eu não estava com nenhuma vontade de dar atenção a esses detalhes.

   O dia foi monótono, embora muito mais produtivo que dias anteriores e no almoço, num modesto bar próximo, até que a comida não estava tão ruim.

  Sentia que meu coração estava pesado , parecia estar batendo com mais dificuldade, ou talvez fosse só minha imaginação. A verdade é que eu não estava bem e, embora tentasse, não conseguia entender o motivo.

   Finalmente chegou a hora de voltar pra casa e, ainda no carro , recebi um telefonema da minha filha avisando que iria jantar comigo. E mais, me levaria um presente que adoro : doce de mamão em calda.

    Dei um discreto sorriso, suspirei fundo e percorri o mesmo caminho de todos os dias, só que desta vez preferi não ligar o rádio , com receio que pudesse me trazer lembranças que me deixariam mais triste.

   O jantar, apesar de simples, foi alegre, minha filha e minha neta pareciam falar mais do que o normal e ambas, não sei como, tentavam falar e rir ao mesmo tempo. Tentei acompanhá-as e não consegui.

   Depois que elas saíram liguei a TV a tempo de tomar conhecimento que meu time estava jogando e com um grande detalhe, estava ganhando.

   Tudo bem, meu time ganhou, o doce de mamão estava uma delicia, minha filha e minha neta estavam cada vez mais lindas, a família de um modo geral estava bem mas , sem nenhuma justificativa não estava bem. Não estava doente, nem com ameaça de resfriado, ainda tinha cerveja na geladeira portanto, fui dormir com uma sensação estranha, com uma angústia que não me abandonava.

   Sonhei com uma praia deserta linda, águas cristalinas e peixes que vinham até bem pertinho da areia e não se assustavam quando eu me aproximava. Ao redor, inúmeras árvores com frutas apetitosas e no ar era exalado um perfume delicioso de flores silvestres.

    Mas  estava sozinho, lembro-me muito bem. Eram três horas da manhã quando acordei e vim para o PC escrever esta minha experiência. Eu estava bem melhor. Estava ótimo e bem disposto. Continuo assim. Quer dizer, toda aquela estranha sensação tinha sido fruto da minha imaginação, que eu não soube dominar.

   Daqui a pouco vou me deitar de novo e esperar o amanhecer. Certamente vai surgir um lindo dia , que já me espera com um com sol gostoso , com muito calor humano, boas noticias, amigos ao redor, dia positivo e, sem faltar torradas com geléia de goiaba no café da manhã e doce de mamão na sobremesa do jantar.

   Ontem, por culpa exclusiva da minha imaginação eu não estava bem mas, que bobagem, ontem foi só ontem e hoje é novo dia. Sempre será um novo dia.

    Sempre virá um novo dia....




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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 14/08/2009
Reeditado em 17/02/2013
Código do texto: T1754398
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