No Meu tempo...

“Eu fico com a pureza da resposta das crianças

É a vida, é bonita e é bonita...”

É quase tudo eletrônico e virtual:

Amigos, jogos, babás, entretenimento.

Cadê os álbuns de figurinhas?

Os carrinhos de rolimã nas ladeiras,

O bando de molecada

Que saia pra andar de bicicleta,

O vento na cara.

Ninguém mais joga burquinha,

Ném figurinhas de chicletes.

Cadê as brincadeiras dançantes

Com os passinhos e as lentas?

As peladas na rua com golzinho de Hawaianas

Onde vira e mexe tinha neguinho

Arrancando tampa do dedão.

Vigi, que dor!

Cadê todo mundo

Que vivia empoleirado nas árvores?

É, cresceram...

E vêem uma geração que não brinca.

Que passa horas jogando em seus micros

Que não quebra mais o braço brincando.

Doia? Doia muito,

Mas não morríamos por isso.

E ainda era o máximo

Assinar no gesso dos amigos.

Lembram da campanha do Omo?

“Porque se sujar faz bem!”

Pois é!

Precisamos incentivar essa criançada

A fazer coisas de criança, a serem crianças!!

Elas não têm que ter atitudes de adultos

Elas não têm discernimento pra escolher

E a vida passa tão rápido...

Um dia elas simplesmente se darão conta

De que não são mais crianças

E que perderam oportunidades fantásticas

De serem felizes e ainda colocarão a culpa em nós.

Policiem suas crianças, brinquem.

Não tenham “adultinhos” em casa,

Bitolados em aparatos modernos

Que não são brinquedos,

Que não deveriam ser presentes de Natal,

Que não estimulam o dividir e o

Relacionamento interpessoal, só divertem.

E o divertir por divertir, aliena.

Leia com eles,

Eu fico com vergonha quando leio

As barbaridades e a forma como escrevem por aí.

Brinquem. Gastem um tempo com eles,

Mesmo que isso não seja uma coisa fácil.

Há crianças que nunca viram uma vaca,

Nem galinha, muito menos peru.

Não tiveram a deliciosa experiência

De chupar manga ou jabuticaba trepados no pé...

Com quantos anos você teve

Sua primeira experiência sexual?

“Meudeus!” Então!!

Sei que elas vão crescer,

Achar seus próprios caminhos,

Assim como nós achamos

(ou pensamos que achamos)

Mas como seria melhor se elas o fizessem

De uma forma mais lúdica

E com pureza, aquela...

Que falava o Gonzaguinha.