O ESCRITOR NÃO É UM ENGANADOR

Vou ilustrar esta minha crônica com uma historinha: Conta-se que o pintor Apeles, tendo exposto um quadro, ocultou-se para ouvir as opiniões a seu respeito. Um sapateiro criticou as sandálias e o pintor, de imediato, deu a devida explicação. O sapateiro quis criticar o restante do quadro, foi então que Apeles o deteve, dizendo: “Não vá o sapateiro além do sapato”.

Para os “sapateiros” que gostam de ir além do sapato, vamos tratar didaticamente do conceito de literatura, mais precisamente do escritor, com a ajuda de Heitor Megale e Marilena Matsuoka

O que faz o escritor? Ele trabalha as palavras, combinando-as, emprestando-lhes, muitas vezes, novos significados, explorando a sonoridade dos vocábulos, o escritor cria uma realidade própria através da imaginação. Por vezes essa realidade criada nos atinge mais diretamente do que o concreto do dia-a-dia, a vivência real de um conflito.

Daí, teremos assim que a Literatura é a invenção, a criação de uma realidade imaginária por meio de uma elaboração estética do texto. Observando a realidade, o artista cria uma realidade imaginária, a ficção, conforme sua vivência, sua interpretação da vida, seu talento e sua sensibilidade. O escritor capta um momento da vida e, não contente de vivê-lo, procura expressá-lo, através de uma linguagem pessoal, para comunicá-lo a outrem.

O escritor não é um enganador, ele cria a sua verdade produto de uma imaginação privilegiada, cabe ao leitor (ou não) a sensibilidade de se deixar envolver pelo conteúdo, pelas idéias que o autor procura transmitir, devendo haver ( ou não) uma comunhão de sentimentos . Discordar sim, mas que haja elegância no ato.

Sim, o escritor merece respeito.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 14/08/2009
Reeditado em 14/08/2009
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