Clarissas
Hoje à tarde precisei ir ao banco. Também tinha outro compromisso pendente. Após, podia optar por vir para casa ou fazer uma visita que há muito queria fazer. Fiz a visita, e foi o melhor que poderia ter feito nesta tarde.
Você, leitor amigo, não faz idéia da sensação de paz em que me encontro até agora. Quer saber onde fui? Sem mistérios, revelo-lhe: a um mosteiro! Mosteiro Santa Maria dos Anjos, das Irmãs Clarissas, em minha cidade. Estão num lugar improvisado; chegaram há pouco tempo; falei apenas com uma delas. Nós duas de pé, uma de cada lado da clausura. Queria saber da vivência delas, pedir-lhes orações. Contei um bocado de mim, ela falou com tranquilidade do seu mundo, dos votos, da irmandade e sua rotina diária. Vi que é feliz por dedicar-se a uma vida de oração. Falei das dificuldades do nosso mundo aqui fora e ela me disse que, apesar do recolhimento, sabe da existência complicada que temos. Ela, como as outras, lê revistas e jornais cristãos, vê filmes, tem contato com sua família, recebe visitas dos familiares quando eles podem vir, porque os seus moram longe, no Nordeste; tem contato com religiosos, leigos, com os pedintes, com os médicos, dentistas, profissionais da saúde de que precisa; enfim, não está assim alheia à nossa realidade.
Conversamos por um bom tempo, mais de hora e meia. Vou voltar lá mais vezes. Quando falávamos de filmes, falou de alguns, sem a pretensão de indicar, e eu , mais do que depressa, pedi-lhe que repetisse os nomes e anotei. Vou vê-los em breve. E, porque falam de nossas vidas, de casais, de famílias, de tropeços, arrisco-me a recomendá-los sem vê-los, confiando na experiência da religiosa. Havia um terceiro, do mesmo diretor ou roteirista ou baseado num mesmo autor, ainda não sei, de cujo nome ela não se lembrou e vai me dizer numa próxima conversa. Não deu tempo de ir à locadora ainda, mas o quanto antes vou achar os dois filmes e encaixá-los em nossos horários em casa.
Quer saber os nomes dos filmes? Sem rodeios, um é “Prova de fogo”; o outro é “A virada”. Já viu? Pois estou com muita vontade de vê-los; do pouco que ela falou deles, sei que vão servir de assunto para conversas e reflexões.
Vou ver irmã Clara mais vezes; quero ir às missas lá no mosteiro e buscar da paz de Deus que está naquele lugar. Conhecerei as outras suas companheiras. Ainda há mais desses lugares em minha cidade: há o das Irmãs Missionárias, e parece que também há outra irmandade ainda.
Elas estão lá para orarem e oram também por nós, que muitas vezes não oramos e somos tão violentos, tão descrentes, tão precisados das coisas do Alto.
Deus está nos corações e lugares humildes.