A moça do farol

Hoje pela manhã no caminho para o trabalho, uma cena com moradores de rua chamou minha atenção.

Os moradores de rua estão por aí (infelizmente, aos montes), porém, nesta época do ano quando começa a esfriar, parece que eles ficam mais visíveis ou a gente mais sensível à sua presença.

Enfim, fiquei pensando que destino é este?

Se a gente aceita o fato de que Deus é um Pai maravilhoso e só quer o bem de seus filhos...

Fica maluco diante destas e de outras situações com as quais nos deparamos diariamente

Por isso eu acredito firmemente, que muitas das situações pelas quais passamos ao longo de nossas vidas, só podem ser frutos de nossas próprias escolhas, seja nesta ou em outra existência. Ou ainda de ações recebidas de outras pessoas; só assim tantas coisas se justificam e ficam compreensíveis para mim.

Sei, que fiquei parada esperando o farol abrir, olhando para aquela moça, tão maltratada... (ela tinha mais ou menos a idade do meu filho), ela era sofrida, precisava de um banho, tinha as roupas sujas e rotas e o olhar triste e desesperançado.

Ela não estava pedindo nada, só estava ali, sentada, olhando para o nada.

Uma buzinada forte e fui chamada de volta à realidade, o farol tinha aberto e o povo queria movimento. Engatei a primeira e sai, mas aquela imagem ainda não saiu da minha mente.

Tentei imaginar o que aquela moça poderia estar sentindo...

Pensei também quais teriam sido os seus sonhos ou se ela ainda conseguia sonhar.

Será que tem família ou está abandonada à própria sorte?

Nunca vi, em minha vida, um olhar mais triste do que aquele que ela tinha...

Nunca senti tamanha sensação de impotência... E tamanha compaixão.

Mas... segui meu caminho, precisava ir para o trabalho (mesmo sentindo uma vontade enorme de estacionar o carro e ir até ela, perguntar se eu podia fazer algo, como já fiz em outras oportunidades e por isto me chamaram de louca...), mas hoje eu definitivamente não podia me atrasar!

Foi duro retomar a rotina, voltar à minha suave e feliz realidade...

Indo para o trabalho no meu carro, com roupas limpas, perfumada e com a certeza de ter um lar e uma família para onde voltar.

Realidades tão distantes e contraditórias, a minha e a daquela moça do farol...

Sinto que vai demorar um pouco pra digerir este assunto...

Às vezes, parece que a gente consegue sentir as dores do mundo na própria pele!

Maristela Silva
Enviado por Maristela Silva em 13/08/2009
Código do texto: T1751918
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