Um pedido para o escritor da minha história

- Perdão por ser assim tão covarde. Tenho tanto medo do pensamento dos outros que não sei mais em que momento da vida eu me perdi. Às vezes acho que não me encontro mais, só que a esperança aparece vez ou outra, ainda bem. Já pensou viver a vida sem a gente mesmo? Eu não me abandono não. Se me perdi foi por causa do descuido inevitável. A vontade que eu sinto agora é de estar ao lado... É de um beijo que me esquenta... É de ser a rosa amada de um príncipe. Poxa será que toda bela historia há de ter um sofrimento prévio? Como uma prova de concurso público? Chega a ser engraçado esse gelo a que me submete. Eu nunca propus nada parecido, mesmo que talvez tenha entendido assim... Mas tudo bem eu não vou ficar me justificando. Isso é maçante demais pra mim, e é justamente das justificativas que eu estou tentando fugir. Será que o objetivo é se afastar? Também não vou insistir, não veja como um defeito, isso também me cansa. Eu tento ver os sinais, mas quase sempre meus olhos estão fechados e eu tenho medo de estar esperando que Deus venha pessoalmente me dizer: ‘Marília você deve pegar esse caminho aqui ó’ (e aponta com o dedo), e eu penso: ‘será que tem um atalho? Queria tanto evitar alguns tropeços’. Se há um grande escritor aí que está escrevendo essa minha história, por favor, coloque algumas flores azuis diante das minhas vistas na próxima página, elas me fazem sorrir. E se há algum leitor atrevido folheando esse livro e lendo esta história, vá até a próxima página e veja se meu pedido foi aceito. Estou ansiosa pra ver as flores azuis. Bom, em todo caso se você prefere que as escolhas sejam assim forçadas devido a minha covardia, isso deve ser também um sinal. Entendo perfeitamente se pensar que “por mim” é pouco e “a vida toda” é muito. E aplaudo as pessoas que tem certeza de onde ir. Acho que é por isso que te admiro! Mas a verdade é que eu posso não enxergar uma coisa só pelo fato dessa coisa ser algo que eu não desejei. Eu não estou triste, pode ser até que eu fique, mas tristeza hoje não. Pelo menos eu to tentando. Porém, me permita esse desabafo: Viver às vezes dói.

- Sabe que estou do seu lado não sabe? Mas nada posso fazer a não ser dizer de novo que EU TE AMO. É você quem está aí no mundo pelo lado de fora. Eu não! Não consigo sair de dentro desse espelho.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 13/08/2009
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T1751855
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.