NA RESSURREIÇÃO

Deus, ao conceber-nos em sua criação, tornou-nos sua imagem e semelhança e nos deu a postura de filhos do criador. Filhos D’Aquele que no amor, constituiu todas as coisas e nos permitiu chamá-lo de ABBA, que significa Pai, Paizinho. Posteriormente, vendo que a família não estava completa e que o homem distanciava-se da sua origem, presenteou-nos com seu Unigênito, Trino de Amor.

Jesus por sua vez, momentos antes de nos doar sua vida, aos pés da cruz, deu-nos a mais sublime das criaturas: Maria. Olhando para o apóstolo que amava exclamou: “- Mãe eis seu filho. Filho, eis aí sua Mãe”. Neste momento, a família universal estava constituída.

Cristo abdicava-se de toda sua santidade e entregava-se como homem nos braços do Pai. Preparava-se para o abandono total que consumou-se no grito: “Pai, porquê me abandonaste?”. Momentos depois suspirou para a morte, mostrando o quanto foi Deus-Homem e o quanto foi Homem em Deus.

Mas, Cristo não é a morte. Cristo é a vida, a ressurreição. As cruzes são como o fogo que purificam o ouro. A pedra bruta guarda sua beleza em suas entranhas. O ser humano, também precisa ser lapidado para mostrar sua beleza. Não somos perfeitos em nossa fé, mas podemos ser lapidados pelas cruzes que transpassam nosso ser e fazem morada em nosso coração.

A escolha de Cristo é sem dúvidas a escolha da vida. Não se escolhe Cristo, sem escolher a cruz. O Crucificado estará sempre na cruz pagando por todos e por tudo. Cabe a cada um de nós, entendermos nossas cruzes e valorizá-las no amor. Não se ama a cruz, ama-se o crucificado. Não se valoriza o pecado, ama-se o pecador. Ele nos quer santos, refletidos e mergulhados no irmão.

Santos naqueles que impossibilitados pela dor, não conseguem transpassá-la para encontrá-lo vivo, ressuscitado e livre, do outro lado da cruz.

Lancemo-nos nesta via de amor. Façamos jorrar na cruz de cada um que passa ao nosso lado, doados por Cristo, uma fonte de amor que aos poucos cobrirá a terra e frutificará.

Devemos crer nesta promessa e esperar no salvador. Com toda nossa fraqueza, com todo nosso pecado, com todo nosso orgulho de homens, pois assim o seremos até a consumação dos tempos.

Mergulhemos então, no sabor da Paz, no verdadeiro sentido da vida, buscando a santidade mesmo que tenhamos que recomeçar a cada segundo, descobrindo nossas fraquezas e nos fortalecendo na fonte de vida, que brota do outro lado da cruz, no ressuscitado.

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