DIÁLOGO ENTRE MÃE E FILHO

 
 
         Meu filho saiu ressentido, cerimonioso, elegante e frio, como se fosse um profissional de como ser um homem correto e com hombridade.
         Deixou pra trás uma mãe que quis dizer não, mas acabou cedendo ao sim, que ele não queria mais.
         Sentiu-se humilhado em pedir “emprestado o custeio de um curso de Editoração na Fundação Getulio Vargas, cerca de quinhentos por mês durante um ano”.
         Desde ontem, reconheci que eu queria dizer não e, a partir deste mês eu investiria no meu livro de crônicas e outras coisas pessoais que ando descuidando muito de mim.
         Mas como dizer não a um filho querido, bom e lindo, que é como água da fonte matando a sede sempre que sentida?
 
 
         Meu Deus! Estou sentindo que tem “raul”,ou seja, “anjo mau”, “coisa ruim”, “ameba”, fazendo a cabeça dele, para ele querer se afastar de mim, convencido que a mãe é uma bruxa de insensibilidade e maldade, etc, etc. Será que vou sofrer a rejeição de um filho de novo? Por que sou tão temida? A arma é fazer ou convencer por A + B que a mãe errou com o filho sempre que ele precisou dela? Oferecer maior compreensão?  
Saiu sentindo-se ferido e incompreendido. Será que ele tem consciência da ferida que está causando?
Claro que não, a cabeça já está preparada. Saiu pensando na “ferida”recebida.