fonte imagem: www.daynha.blogger.com.br/2004_04_01_archive.html
O URUBU – EU HEM!
De repente um estrondo.
Na varanda do apartamento, em pleno centro da cidade, um urubu, ainda meio tonto e sem entender onde estava, olhava assustado para Juliana e Paulo.
Os três, atônitos, fizeram da porta de vidro uma linha divisória de fronteira. Ninguém ousou invadir o espaço de ninguém.
Enquanto a pobre coitada da ave colocava seus músculos no lugar arrastando-se pelo chão, Juliana e Paulo ficaram paralisados e de olho nas penas pretas do urubu, já arrumadas para alcançar vôo
Juliana se perguntou: será mau agouro? Deixa de besteira – respondeu Paulo. Isso não existe. É só um pobre bichinho amedrontado, cujo plano de vôo não foi bem calculado.
Juliana estava de fato apavorada. E disparou a enumerar os fatos atropelados na sua vida, nos últimos tempos. Mas de olho no urubu.
Você Paulo não sabe o que é as coisas darem erradas pra você.
Comprei um bebedouro de água, a água não gelava, lá fui eu trocar.
Comprei um carro, ele levou seis meses para chegar.
Comprei uma mala de marca, usei uma vez, o fundo da mala rasgou. É bem verdade que trocaram, mas não antes de consertarem e verificarem que realmente a bendita tinha defeito mesmo.
Mandei colocar uma porta de vidro, cara, mas muito cara, anti-som, a porta não impedia som nenhum. Fui reclamar com o camarada, ele me disse que eu não havia especificado se queria 10% ou 100% de ruído. Agora, pensa bem, alguém coloca uma porta anti-som para ouvir barulho. Tive até que contratar um advogado para resolver a pendenga.
Ganhei um relógio de aniversário, comprado numa loja legal, por meu primo, o relógio recusou-se a funcionar. Lá fui eu trocar a porra do relógio.
Por último, comprei um sapato numa loja do shopping. É bem verdade que foi numa promoção. A primeira vez que usei o tal do sapato o meu pé ficou todo preto. Fui reclamar, e não é que a gerente da loja virou pra mim e me disse: também né, a senhora foi usar o sapato em dia de chuva. Paulo me escuta! Quando é que uma pessoa compra um sapato para andar em dia de sol? Pois é, depois de uma longa discussão, e mais uma vez com um advogado, consegui trocar meu sapato.
Me diga, Paulo, você ainda acha que não é para eu ficar apavorada com esse urubu aí? Olhando pra mim!
Parece que até o urubu ficou assustado com a urubuzada de Juliana. Logo, logo se esticou, tomou um primeiro fôlego, subiu até a sacada e se mandou voando alto até sumir.
Deve ter pensado: eu hem!
O URUBU – EU HEM!
De repente um estrondo.
Na varanda do apartamento, em pleno centro da cidade, um urubu, ainda meio tonto e sem entender onde estava, olhava assustado para Juliana e Paulo.
Os três, atônitos, fizeram da porta de vidro uma linha divisória de fronteira. Ninguém ousou invadir o espaço de ninguém.
Enquanto a pobre coitada da ave colocava seus músculos no lugar arrastando-se pelo chão, Juliana e Paulo ficaram paralisados e de olho nas penas pretas do urubu, já arrumadas para alcançar vôo
Juliana se perguntou: será mau agouro? Deixa de besteira – respondeu Paulo. Isso não existe. É só um pobre bichinho amedrontado, cujo plano de vôo não foi bem calculado.
Juliana estava de fato apavorada. E disparou a enumerar os fatos atropelados na sua vida, nos últimos tempos. Mas de olho no urubu.
Você Paulo não sabe o que é as coisas darem erradas pra você.
Comprei um bebedouro de água, a água não gelava, lá fui eu trocar.
Comprei um carro, ele levou seis meses para chegar.
Comprei uma mala de marca, usei uma vez, o fundo da mala rasgou. É bem verdade que trocaram, mas não antes de consertarem e verificarem que realmente a bendita tinha defeito mesmo.
Mandei colocar uma porta de vidro, cara, mas muito cara, anti-som, a porta não impedia som nenhum. Fui reclamar com o camarada, ele me disse que eu não havia especificado se queria 10% ou 100% de ruído. Agora, pensa bem, alguém coloca uma porta anti-som para ouvir barulho. Tive até que contratar um advogado para resolver a pendenga.
Ganhei um relógio de aniversário, comprado numa loja legal, por meu primo, o relógio recusou-se a funcionar. Lá fui eu trocar a porra do relógio.
Por último, comprei um sapato numa loja do shopping. É bem verdade que foi numa promoção. A primeira vez que usei o tal do sapato o meu pé ficou todo preto. Fui reclamar, e não é que a gerente da loja virou pra mim e me disse: também né, a senhora foi usar o sapato em dia de chuva. Paulo me escuta! Quando é que uma pessoa compra um sapato para andar em dia de sol? Pois é, depois de uma longa discussão, e mais uma vez com um advogado, consegui trocar meu sapato.
Me diga, Paulo, você ainda acha que não é para eu ficar apavorada com esse urubu aí? Olhando pra mim!
Parece que até o urubu ficou assustado com a urubuzada de Juliana. Logo, logo se esticou, tomou um primeiro fôlego, subiu até a sacada e se mandou voando alto até sumir.
Deve ter pensado: eu hem!