O rumor dos pássaros e o passo do felino
 
 
Dia desses. É!... Um destes dias! Acordei as 04h00 da manhã e descobri, após alguns remelexos no leito, que não deveria mais contar com a possibilidade do sono voltar, que o safado havia me deixado de vez. E diante de tal circunstância o melhor a ser feito era saltar da cama e ir passear com o gato, digo: Gata, pois o felino que tenho é fêmeo e gosta de passear na calçada, rente ao muro ao meu lado com vistas a qualquer cão madrugador, já que no entender dos felinos; cachorro é raça desprezível que com tanto a fazer a noite, prefere uivar e perturbar o passeio, deles, gentis e silenciosos felinos. Mas prosseguindo na narrativa dos motivos de minha insônia, digo que não há motivo, apenas acordei e sem sono me encontrei, assim sendo passeei com o felino tatá junto ao muro, no entorno de minha casa, situada em uma esquina e após, vi por bem, na falta de outro afazer caminhar um pouco mais distante, quiçá ir à padaria e ser o primeiro, a verdadeiramente acordar o padeiro. Mas, lembrei-me padaria não mais existem, não aos modos de minha meninice: com caminhão de entrega de leite, balconistas sorridentes ainda que sonolentas, não. Não há!  Retornei para a calçada de casa e mãos nos bolsos, observei o ir e vir dos peixeiros, estes,  ainda existem e para minha alegria desejam ao passar por mim que eu tenha um bom dia. Ah! Eu não disse que resido próximo do mar no entroncamento do rio do meio, vila rica da beleza da gente do lugar, o rio, também denominado braço de mar  faz par com o canal do estuário de santos, com bela vista para o oceano atlântico. Por isto; esta minha sorte de ter peixeiros a porta de casa. Por isso também tenho a sorte de ter um perfume denso de maré subindo e de maré descendo, perfume que para alguns, menos sensíveis é puro fedor de lama! É... Deus não pode contentar a todos os narizes e a cada um,  seu olfato. E a cada um os olhos de ver, e eu tenho a sorte de não ter nascido cego, e vejo a beleza das aves marinhas que neste lugar fazem pouso e neste dia que já começou rumoroso; qual som de revoada de pássaros, também existe o contentamento de ver o dia clarear, de ver, o esvaecer lento do tom cinza da aurora.  Caminho em direção ao supermercado, aonde se concentra  tudo, até mesmo a padaria, e o pão esta a mercê de qualquer mão que chegar e o padeiro é um sujeito que nunca vejo. Tenho 45 anos, recém completados e estou ligeiramente pasmo, com a descoberta que fiz hoje, no meu bairro não tem padaria.
 
 
 

 
 
 

Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 12/08/2009
Reeditado em 12/08/2009
Código do texto: T1749675
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