MORTE AOS HERÓIS
Os Heróis e os Santos são destinados à vala comum das paredes mofadas que fincam em teu seio, quase sempre em ruínas, um esboço do que algum dia foram e talvez por milagre o que ainda são – seres solitários, reféns do nosso egoísmo e comodismo.
François, Duque de La Rochefoucauld, célebre cultor de máximas e conspirador da corte por excelência, certa vez em plena guerra civil francesa (a fronda) ao ver e ouvir tantos ditos heróicos cunhou em batalha: “A maioria dos heróis é como certos quadros, para apreciá-los, convém não o examinarmos de muito perto”. É isso que exatamente o fazemos. Um pouco mais de perto, a farsa se revela fácil e ouviremos seus gritos – “Ame-me e não simplesmente me idolatre”, “Sinta-me e não simplesmente esteja aí me observando”, “Viva comigo suas emoções e não simplesmente me faça motivo de comemorações corriqueiras e pontuais”.
Nossos relacionamentos são pautados pela utópica afirmação de que o amor é via de mão única, pura tolice! Esta é outra armadilha para se criar heróis cujo ápice está nas palavras de Henri de Regnier, escritor francês do sec. XX – “A amizade dá o sentimento do durável; o amor, do eterno; no entanto, é o egoísmo que sobrevive a ambos”. Há sempre nas relações, sejam entre Pais e Filhos, Casamentos, Amizades uma indelével mancha de comodismo – dos que doam sem parar e dos que recebem sem sequer notarem que do outro lado o Herói apela em silêncio por um carinho.
Como bem disse o professor Keating no filme Sociedade dos Poetas Mortos: "Aproxime-se do quadro, escute bem de perto, você pode ouvi-los (seus heróis) sussurrarem o seu legado. Vá em frente, escute, está ouvindo? - Carpe - ouve? - Carpe, carpe diem, colham o dia, tornem extraordinárias as suas vidas."
É isso, morte aos heróis, a vida não precisa de heróis... precisa de carpe, carpe, carpe diem. Horácio poeta e autor de tão belo verso em sua “Ode”, alerta-nos ao final da mesma estrofe “dum loquimur, fugerit ínvida aetas” – “Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está fugindo de nós”. Até quando ?
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Os Heróis e os Santos são destinados à vala comum das paredes mofadas que fincam em teu seio, quase sempre em ruínas, um esboço do que algum dia foram e talvez por milagre o que ainda são – seres solitários, reféns do nosso egoísmo e comodismo.
François, Duque de La Rochefoucauld, célebre cultor de máximas e conspirador da corte por excelência, certa vez em plena guerra civil francesa (a fronda) ao ver e ouvir tantos ditos heróicos cunhou em batalha: “A maioria dos heróis é como certos quadros, para apreciá-los, convém não o examinarmos de muito perto”. É isso que exatamente o fazemos. Um pouco mais de perto, a farsa se revela fácil e ouviremos seus gritos – “Ame-me e não simplesmente me idolatre”, “Sinta-me e não simplesmente esteja aí me observando”, “Viva comigo suas emoções e não simplesmente me faça motivo de comemorações corriqueiras e pontuais”.
Nossos relacionamentos são pautados pela utópica afirmação de que o amor é via de mão única, pura tolice! Esta é outra armadilha para se criar heróis cujo ápice está nas palavras de Henri de Regnier, escritor francês do sec. XX – “A amizade dá o sentimento do durável; o amor, do eterno; no entanto, é o egoísmo que sobrevive a ambos”. Há sempre nas relações, sejam entre Pais e Filhos, Casamentos, Amizades uma indelével mancha de comodismo – dos que doam sem parar e dos que recebem sem sequer notarem que do outro lado o Herói apela em silêncio por um carinho.
Como bem disse o professor Keating no filme Sociedade dos Poetas Mortos: "Aproxime-se do quadro, escute bem de perto, você pode ouvi-los (seus heróis) sussurrarem o seu legado. Vá em frente, escute, está ouvindo? - Carpe - ouve? - Carpe, carpe diem, colham o dia, tornem extraordinárias as suas vidas."
É isso, morte aos heróis, a vida não precisa de heróis... precisa de carpe, carpe, carpe diem. Horácio poeta e autor de tão belo verso em sua “Ode”, alerta-nos ao final da mesma estrofe “dum loquimur, fugerit ínvida aetas” – “Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está fugindo de nós”. Até quando ?
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