ABL...Nunca chegarei lá!
Estive pensando em minha condição de escritora e cheguei a conclusão que nunca chegarei a ABL. Não é pessimismo. É pura constatação. Para que não pensem que estou em crise existencial sigam meu raciocínio.
Nasci preta, embora no meu registro de nascimento esteja escrito em bom português: de cor branca, nunca entendi por que, mas deixemos isso para depois. Voltemos ao que nos interessa, como estava dizendo, nasci preta, sou pequena, um metro e cinqüenta e cinco, há quem diga que são apenas cinqüenta e três, mas para que tanta precisão? Dois centímetros, neste caso, não é, assim, tão importante.
Bonita nunca fui. Sou simpática. Adoro esse jeito ameno de nos chamar de feias. Ainda bem que sou inteligente. Desculpem a modéstia. Mas este é o caminho que encontrei para amenizar o fato de ter nascido feia no meio de um monte de mulheres bonitas.
Dito isso, está claro por que nunca chegarei a ABL? Não? Explico. Nunca, nem por milagre ou decreto, uma pessoa que pertence ao MBF – morenas baixinhas e feiosas – chegará a ABL – altas, belas e loiras. Se estou triste com isso? Não.
Adoro ser assim, exatamente como sou. Vocês podem não acreditar, mas gosto tanto de mim que já não me acho tão feia assim. O problema é que nasci numa família de gente bonita demais. Ai já viu, começaram a comparar e sobrou para mim o título de patinho feio – graças à Deus!
Quanto à verdadeira ABL, que escritor não sonha sentar naquelas cadeiras? Mas ai é outra história e o primeiro passo é tornar-se escritora. Comecei muito tarde, não há tempo suficiente para desvendar os caminhos das letras, é melhor nem sonhar e continuar apenas escrevendo e defendo meu direito de ser membro vitalício da FBI - Feliz, baixa e inteligente!